terça-feira, 31 de março de 2009

Praça dos Restauradores (Lisboa - Portugal) - Ontem e Hoje






































 
(Com excepção da primeira - de autor desconhecido - as fotos devem-se à mestria de Dias dos Reis)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Maurice Jarre - O Mágico dos Temas Musicais (1924-2009)

Nasceu em Lyon, França, em 13 de Setembro de 1924.
Faleceu ontem, 29 de Março de 2009, em Los Angeles, EUA.
Fica a memória inconfundível e imorredoira dos seus temas musicais.

Quem não se lembra dos acordes de

Lawrence da Arábia (1962)
Doutor Jivago (1965)
Paris Já Está a Arder? (1966)
A Filha de Ryan (1970)
Passagem para a Índia (1984)
Clube dos Poetas Mortos (1989)?


Vencedor de 3 Óscares
e de 4 Globos de Ouro.


Podem recordá-lo aqui:




e também aqui:




quinta-feira, 26 de março de 2009

Álbum de Cromos de Enriqueta Sanfiz - 1885 (1)

 
Na portada do álbum aparece uma inscrição manuscrita: "Álbum de Enriqueta Sanfiz 1885".
E, na primeira página, também manuscrita, a seguinte dedicatória:

"Recuerdo insignificante
a la bella y elegante
Enriqueta de Sanfiz
a quien quiere ver feliz
Antonio Sanchez Infante".


(Fonte: Biblioteca Nacional de España - Madrid)

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Guerra Civil de Espanha Vista Pelas Crianças

(Autor: Luis Aparicio Alonso - 1937)







(Autora: Juana Barredo - 1937)








(Autora: Mercedes Comellas Ricart - 1937)

(Fonte: Biblioteca Nacional de España - Madrid)
.

domingo, 22 de março de 2009

Grandes Quadros - (Rubens - Holanda)

Retrato de uma Jovem Rapariga

(Rubens - Holanda - 1615-1616)

sábado, 21 de março de 2009

A Globalização - "Como se brincou com o fogo..."


"Quanto mais a actual crise - no início financeira, agora também económica - se desenvolve e se aprofunda, mais nítida se torna a percepção pela opinião pública de que se andou a brincar com a globalização.
Mais prosaicamente, andou-se a brincar com o fogo.

Os principais responsáveis por esta situação são inegavelmente os governos dos países mais ricos – em particular dos EUA e dos estados europeus - que, desde os anos oitenta do século passado apostaram em competir entre si para reduzir as defesas das respectivas economias em face dos choques provocados pela rápida mundialização económica e financeira.

Foi assim que se liberalizou sem regras o comércio mundial, que se desregularam os mercados monetários e financeiros, permitindo a especulação desenfreada tanto entre moedas como entre activos financeiros, que se concedeu plena liberdade de manobra ao poder das multinacionais e se fez proliferar os off-shores.

Ao mesmo tempo, a opinião pública era intoxicada com campanhas entoando loas à globalização, campanhas que eram em grande parte impulsionadas pelos governos e organizações internacionais (FMI, OCDE, União Europeia, etc).
Para agravar ainda mais as responsabilidades das autoridades, basta verificar que estas nem sequer podem invocar ignorância ou ausência de alternativas. Não faltaram, com efeito, avisos sobre os efeitos negativos da globalização descontrolada.
E basta recordar o desprezo irónico e desdenhoso com que as autoridades encararam propostas sérias de reforma como a célebre “taxa Tobin”, destinada a reduzir os fluxos de capitais especulativos, para avaliarmos o acréscimo de responsabilidade que recai sobre essa constelação de governos.

O caso europeu é especialmente notável.
O Acto Único Europeu de 1987, que apontou para a realização do mercado interno comunitário e o Tratado de Maastricht em 1992, que criou as actuais instituições europeias na área da economia, foram os instrumentos que tornaram os cidadãos dos estados europeus completamente indefesos face à globalização e ao desemprego.

Estou profundamente convicto que não se trata de invenção demagógica, mas de uma realidade palpável o facto de, no domínio económico, e desde 1992, as instituições europeias actuarem sobretudo em benefício das empresas multinacionais.
Quem conhece, por exemplo a actuação concreta da Comissão Europeia em questões económicas ou a evolução dos critérios do Tribunal de Justiça em questões de concorrência e ajudas de Estado, sabe que tem sido efectivamente assim.

Sem um protesto sequer dos governos, que deveriam defender os interesses das respectivas actividades produtivas nacionais.
Coisas semelhantes verificaram-se por toda a parte. Mas o que torna o caso europeu especialmente repulsivo é que tudo isto foi feito – em nome do controlo da globalização!
Quando é certo que foram as instituições comunitárias a trazer o vendaval da globalização descontrolada para as nossas portas.

Mas conforme reza o final de um velho aforismo “não se pode enganar toda a gente durante todo o tempo”. Por isso, as opiniões públicas europeias - que já se tinham manifestado negativamente em alguns referendos - à medida que a crise se desenrola, vão sedimentando a sua convicção de que têm sido profundamente enganadas.

Talvez esta evolução seja de bom augúrio.
Será porventura a forma de voltar atrás e reencaminhar a integração europeia no sentido de criar efectivamente as instituições que permitam proteger os cidadãos dos choques da globalização.
Caminho que tem de contar com um papel mais importante das políticas definidas a nível nacional.
A forma mais insidiosa de desproteger os cidadãos no espaço europeu face ao poder das multinacionais e dos especuladores tem sido a de reduzir as autonomias dos estados membros em benefício de um inaceitável centralismo a nível europeu.

Bastou o desencadear da crise para verificarmos que a única protecção com que os cidadãos de facto podem contar é a que é prestada pelo respectivo Estado.
Está aí uma nova realidade, que torna caduco, ainda antes de existir, o Tratado Reformador, cuja intenção era perpetuar as instituições comunitárias responsáveis pelo actual desastre económico.
Possa esta nova realidade criar as condições para uma nova Europa." (*)

(*) - João Ferreira do Amaral - in Revista Tempo Livre, n.º 201, Fevereiro de 2009, Fundação INATEL - Lisboa - Portugal.

domingo, 15 de março de 2009

Os Cuanhamas do Sul de Angola (1 - Tradições guerreiras)






"(...) Os ambós de Angola surgiram da miscigenação de um povo de caçadores nómadas - saídos, por volta do século XVII, da Donga, no Sudoeste Africano - com pastores estabelecidos entre os rios Cunene e Cubango.

Desse obs­curo encontro teriam brotado as cinco tribos angolanas do grupo - Cuanhamas, os mais numerosos, e Cuamatos, Evales, Cafimas e Dombondolas -, todas aparentadas com as tribos da Ovambolândia, no Sudoeste.


Estes povos orgulhosos, de elevadíssima estatura, ocupam ainda hoje um território de planuras levemente descaídas para sul, ao correr de outeiros de contornos sua­ves e de enormes clareiras escavadas no chão arenoso - as chanas -, cingidas por manchas de vegetação onde sobressaem os mutiatis, as acácias e os espinheiros.



Na época seca as chanas revestem-se de tufos de arbustos mirrados e de mantos de capim ressequido. Quando dominam as chuvas, de Outubro a Maio, a correnteza do rio Cuvelai transpõe as margens baixas e derrama-se pela terra sequiosa, inun­dando as depressões.

Numa explosão deslumbrante de odores e de verdes, as cha­nas transformam-se numa intrincada rede de lagoas, cujas águas, agitadas por turbi­lhões de peixes e de rãs, escorrem de modo quase imperceptível para sul, isolando as povoações e os homens, rumo à grande cova de Etosha, na Namíbia.



Dedicando os dias à caça, à agricultura de subsistência e, sobretudo, ao pasto­reio de numerosas manadas de gado bovino, os Ambós aguardavam com ansi­edade a chegada do tempo seco, a meio do ano, para soltarem o poderoso impulso da sua vocação guerreira. Capitaneados pelos lengas - chefes-de-guerra e conse­lheiros dos sobas -, realizavam expedições de guerrilha e saque num raio de cente­nas de quilómetros.

Ficaram sobretudo memoráveis as incursões dos Cuanhamas. Eles optavam com frequência por surtidas limitadas a oeste - na direcção do Humbe, da Camba ou do Quiteve -, e a nordeste, no país dos Ganguelas. Noutras ocasiões ou­savam levar as razias a locais tão remotos como o Quipungo e Caconda, onde os brancos saídos do mar se esforçavam por firmar posições.




Armados até aos dentes, os guerreiros viajavam protegidos por amuletos suspensos dos pesco­ços - chifres de bambi recheados de cinzas obtidas dos destemidos cora­ções de companheiros mortos em combate. Beneficiavam ainda da protecção do ondiai, um homem de virtude e magia.

O ondiai caminhava na dianteira com a sua moca enfei­tiçada, co­roada por uma pele de focinho de hiena. A moca girava no ar, apontando em todas as direcções, livrando a expedição de perigos potenciais e fazendo com que se er­guesse, quando necessário, um vento forte e rumoroso, que abafava os passos dos guerreiros.

Depois de homenagens rituais aos antepassados, as hordas caíam como maldições sobre os aldeamentos desprevenidos, espalhando o pavor e a morte. Retornavam quase sempre em triunfo aos eumbos, com ricos espólios de escravos e gado. (...)". (*)


(*) - FONTE - Senhores do Sol e do Vento - Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos - José Bento Duarte - Editorial Estampa - Lisboa - 1999) (1.ª edição)

Sobre este livro, ver mais pormenores - aqui

quarta-feira, 11 de março de 2009

Grandes Quadros (Jules Breton - França)

Rapariga da Bretanha (1872)

Jules Breton - França (1827-1906)

sábado, 7 de março de 2009

"A culpa não é deles..."

 
"(...) O que quero saber é o motivo pelo qual a regulação portuguesa não logrou detectar e denunciar as falcatruas que, a crer no que se tem revelado nas audições parlamentares, se passavam no BPN, como as regulações do mundo todo não conseguiram ou não quiseram denunciar as falcatruas que se passavam nas mais poderosas e aparentemente respeitáveis instituições financeiras.

Mais: eu queria saber - se conseguir perceber - como é possível que, aparentemente, a generalidade das instituições financeiras tenham passado os últimos anos a funcionar em termos que só podem ser caracterizados como estando no limiar da burla e da ladroagem, quando não milhas adentro do território.
E queria perceber - sendo certo que é impossível - como se explica que assim continuem.

Na revista Vanity Fair de Março, Michael Shnayerson conta como, após empocharem 700 mil milhões de dólares de dinheiro público que os salvaram da falência, os grandes bancos e seguradoras americanos, como a Merrill Lynch e a AIG, continuam a distribuir milhões em bónus às administrações e a uma parte dos seus funcionários.

Shnayerson cita o exemplo de John Thain, CEO da Merrill Lynch, que em Dezembro de 2008, depois de vender a firma ao Banco da América por 50 mil milhões, o que pode implicar a perda de 30 mil empregos, "fez saber" que achava merecer um bonuzito de 10 milhões.
A pretensão indignou toda a gente, levando uma série de (ir)responsáveis de instituições salvas com fundos públicos a jurar que em 2009 não ia haver bónus para ninguém.
Sucede que, como o artigo demonstra, há e houve bónus, mais ou menos secretos.

Esta total cupidez, aliada à incapacidade dos reguladores e do governo de acompanharem a atribuição de fundos com regras que impeçam tal pouca vergonha, é não só a mais eloquente explicação do desastre como o melhor retrato do sistema.
Para os financeiros americanos (e todos?) é impensável relacionar coisas tão abstractas como os prejuízos das empresas que levaram à falência e o esforço do país para as salvar com os seus muito concretos proventos.

A culpa não é deles: habituaram-nos assim."

Fernanda Câncio - Jornalista (in Diário de Notícias, Lisboa, Portugal - Edição de 6 de Março de 2009)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Grandes Quadros (Vermeer - Holanda)

Rapariga com um Brinco de Pérola

Johannes Vermeer - Holanda - 1665

quarta-feira, 4 de março de 2009

Grandes Quadros (Leutze - Estados Unidos)

Washington Atravessando o Delaware (1851)

(Metropolitan Museum of Art, New York)

Emanuel Gottlieb Leutze (1816-1868)

terça-feira, 3 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

Aberturas de Grandes Livros - "Esta Noite a Liberdade" (Sobre a independência da Índia)


“Um grande povo passava um Inverno descontente.
Mergulhada em nevoeiro e melancolia, Londres, naquele primeiro de Janeiro de 1947, tremia de frio. Talvez nunca até então a capital britânica tivesse passado um dia de Ano Novo tão lúgubre. Poucas eram, naquela manhã de festa, as casas que possuíssem água quente suficiente para encher uma banheira. E eram ainda mais raros os londrinos sofredores da habitual ressaca do seu “réveillon”. O pouco whisky à venda para as festas conseguira-se ao preço de oito libras esterlinas a garrafa. Apenas alguns carros deslizavam nas ruas desertas, fantasmas fugazes de uma nação privada de gasolina.

Envoltos nos seus sobretudos coçados e fora de moda após seis anos de guerra, ou em fardas disparatadas e gastas, alguns transeuntes apressavam-se com o pescoço encolhido nos ombros, de ar aborrecido. Nos dias de chuva, um cheiro especial invadia as ruas, e relentos de podridão e incêndio escapavam-se das ruínas espalhadas pela cidade. As docas e o bairro em volta da catedral de São Paulo exibiam ainda uma confusão de escombros. Sinistros abrigos de betão erguiam-se também nalgumas encruzilhadas, e arames farpados juncavam os canteiros de Green Park.
Esta cidade triste e martirizada era contudo a capital de um país vencedor. Dezassete meses antes, a Inglaterra ganhara a guerra mais terrível da história da humanidade. (…)

(…) A sombria realidade que a Inglaterra encarava naquela manhã de Ano Novo fora resumida numa fase cruel do seu maior economista. “Somos um país pobre”, afirmara John Maynard Keynes aos seus compatriotas, “e temos que aprender a viver como tal”.
Todavia, os ingleses eram ricos. Um documento azul e dourado, o passaporte britânico, dava-lhes o privilégio de entrarem livremente em mais territórios do que qualquer outro cidadão de qualquer outro país do mundo. O extraordinário conjunto de possessões, de colónias, de protectorados e de condomínios que constituíam o Império Britânico permanecia intacto naquele dia 1 de Janeiro de 1947.
A existência de 563 milhões de homens – fantástico mosaico de povos, Tamuls e Chineses, Bushmen e Hotentotes do sudoeste africano, aborígenes dravidianos e Melanesianos, Australianos, Escoceses, Canadianos e tantos outros – dependia ainda das decisões destes ingleses que tremiam de frio numa Londres sem aquecimento. (…)”

Esta Noite a Liberdade - Dominique Lapierre (n. 1931) e Larry Collins (1929-2005) (Publicado por Edições Ática, Lisboa, 1976)

Nota - Disponível na Biblioteca Nacional de Lisboa, numa edição do Círculo de Leitores (Cota --- H.G. 30583 V.)