domingo, 16 de dezembro de 2007

Morte do Rei D. Sebastião de Portugal - A Batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos (1578)

(Continuação do post anterior)



"(...) Nos princípios de Agosto de 1578, debaixo de um sol de labaredas, o monarca lusitano interna-se em território marroquino a partir da fortaleza costeira de Ar­zila. Leva cerca de dois mil cavaleiros e ao redor de quinze mil combatentes de infantaria, em que se incorporam seis mil mercenários alemães, flamengos, ita­lianos, espanhóis. Vão também umas poucas centenas de mouros do aliado Mulei Mohamed.

Sebastiãozinho não sabe nem suspeita, mas, com raras excepções, esta tropa não passa de um exército de ficção. Marcham na infantaria perto de nove mil desditosos campónios, tão miseráveis que nem recursos tiveram, como tantos outros, para satisfazer o baixo preço do suborno dos recrutadores. Desumana­mente arrebatada à pacatez do torrão natal, trata-se de uma gente sem qualquer prática de guerra, com horror às armas, mais do que pronta a bater em retirada ao primeiro susto a valer.

Arrastando-se por esta fornalha desoladora vai ainda um imprevidente peso morto - lacaios, pajens, carroceiros, religiosos. E mulheres, centenas e centenas de mulheres de risos cristalinos e intimidades fáceis. São as amantes trazidas pelos mercenários do Norte da Europa e um numeroso e festivo rancho de espanholas de vida ligeira, metidas a bordo dos navios da expedição durante a escala efectuada em Cádis. Nos carros de bois sobrecarregados, à mis­tura com os mantimentos correntes, as bagagens transbordam de guloseimas, jóias, trajos de luxo - tudo para as comemorações da vitória que se antevê.

No topo das colinas espreitam de quando em quando, como agoiros de des­graça, vultos furtivos de muçulmanos caracoleando em cavalos finos e irrequie­tos. Não proferem uma palavra, não esboçam um gesto hostil. Limitam-se a es­piar, com olhos de lince, a sofrida marcha deste cortejo de lunáticos. Somem-se logo depois na imensidão, como assombrações.


Finalmente, a 4 de Agosto, nas vizinhanças da povoação de Alcácer Quibir, num espaço encaixado entre os rios Lucus e El-Makhazen, os invasores dão de chofre com o exército de Mulei Abdelmalek. Este dispôs numa gigantesca meia-lua os seus setenta mil guerrei­ros, dos quais cerca de quarenta mil integram os rápidos corpos de cavalaria.
Apesar de moribundo na sua liteira - consta que lhe terá sido administrado ve­neno -, o xerife Abdelmalek dirige com sagacidade as suas tropas nos alvores da batalha. Há quem afiance que ele previu o desenlace da memorável jornada, quando soube que o reizinho português, metendo-se na boca do lobo, acabara de transpor o leito do El-Makhazen.

Após uma singular apatia de sonâmbulo, Sebastiãozinho dá ordem de acome­ter. Ele próprio galopa, célere como o vento, na dianteira do seu esquadrão de seiscentos cavaleiros, rumo à esmagadora massa de inimigos. O reizinho teimara em rejeitar nos últimos dias os conselhos de prudência dos seus capitães mais esclarecidos, que poderiam porventura ter-lhe concedido a vitória ou, ao me­nos, preservado a existência. Iludido, porém, pelos doidivanas e pelos aduladores, fez birra e levou a sua avante. E, agora, está como sempre quis, como nas visões do menino que jamais deixou de ser. Está só e magnífico, embrenhado na mortí­fera batalha contra o Islão, de lança em punho, ameaçado por um mar de lâminas nuas e faiscantes, prontas a rasgarem-lhe as veias. Cumpre-se o sonho, encerra-se o círculo das profecias, a obsessão conhece o seu epílogo.




Sebastiãozinho bate-se com o habitual destemor suicida. Rodopia em golpes sem conta. Mas não co­manda. Ao seu redor, o exército lusitano, dizimado pelo fogo certeiro da artilharia e dos escopeteiros mouros, breve se esfrangalha, feito numa confusão de bandos sem norte. Os Portugueses foram incapazes de explo­rar o relativo sucesso inicial das suas cargas de cavalaria, que quase haviam ir­rompido pelo abrigo de Mulei Abdelmalek.

Aos primeiros indícios de desastre, os pobres campónios arregimentados à pressa para aquele matadouro desapare­cem como corças pelo meio dos carros das bagagens, refugiando-se entre a cria­dagem apavorada e as mulheres aos gritos. Caminha-se rapidamente para o fim. Seguido de uma diminuta escolta de desesperados, Sebastiãozinho estafa-se a percorrer o campo de combate em velozes galopadas. Vai alagado em suor, tortu­rado de sede sob o metal sobreaquecido da armadura. Já trocou várias vezes de montada, quer acudir a todo o lado, aos núcleos de resistência que vão vendendo cara a vida. Debalde.

Subitamente, diz-se que com um adeus heróico - morrer, sim, mas devagar -, perde-se, e perde um país, no círculo impiedoso das cimitar­ras de Alá. Antes que o dia termine, sete a oito mil portugueses terão sido arca­buzados ou passados pelas lâminas inimigas, sucumbindo com o seu jovem e infortunado soberano. Isto - dizem fontes lusitanas - contra cinco a seis mil bai­xas do exército marroquino.

Há milhares de cristãos levados a cativeiro pelos vencedores exultantes, e muitas das mulheres passarão a constituir uma apetecí­vel novidade nos haréns mouriscos. Os fidalgos que sobreviveram à hecatombe serão posteriormente resgatados, a peso de ouro e jóias, deixando ainda mais de­bilitadas as fracas finanças de um reino consternado.




Três reis se despediram da vida nesta batalha, ressuscitando as antigas profe­cias dos três espectros aparecidos aos monges de Portugal.
Mulei Abdelmalek expirou com uma síncope nos primeiros instantes do confronto.
O aliado dos Portugueses, Mulei Mohamed, que se pôs em fuga, encontrou desastradamente a morte por afogamento no lodo pegajoso do rio El-Makhazen. Por ordem de Mu­lei Ahmed - dito Almançor, o Vitorioso, irmão e sucessor de Abdelmalek - o seu corpo foi recolhido, esfolado, empalhado e exibido como um troféu nas princi­pais povoações marroquinas.

Sobre o fim de Sebastiãozinho corre um rasto de nevoeiro. Dizem algumas memórias que o seu corpo nu, violáceo, desfigurado e salpicado de feridas acabou exposto numa esteira aos pés de um emocionado Mulei Ahmed. Este tê-lo-ia mais tarde devolvido aos Portugueses, embalsamado, para que lhe fosse proporcionada sepultura cristã. Mas quase tudo é incerto a este respeito.

Certa é, pelo menos, a rapidíssima movimentação de um voraz Filipe Segundo de Espanha em direcção aos cobiçados horizontes lusitanos. Reivindicando o direito à ocupação do trono português com fundamento nos laços de parentesco, o desembaraçado tio Filipe não olha a meios para concretizar os seus objectivos. Socorre-se de finuras jurídicas, de subornos generosos e, quando necessário, do formidável aparelho militar da Espanha. Portanto: herdou, comprou, conquistou.

Varrida a frouxa resistência, pouco mais do que simbólica, de um país arruinado e sem alma, e abafada a intensa aversão popular aos Castelhanos, consumar-se-á em 1580 a união das duas Coroas, com a consequente liquidação da independên­cia portuguesa até 1640. Pululam finalmente espanhóis à solta nas amenas praias lusitanas." (*)

(*) José Bento Duarte - Senhores do Sol e do Vento - Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos - Editorial Estampa - Lisboa - 1999)



O Rei D. Sebastião de Portugal (1554-1578) - Menino e Sonhador

Retrato de D. Sebastião (em criança) (1)

"Imerso em sonhos de heroísmo e grandeza, o capri­choso reizinho de dezassete anos preparava-se para conduzir o seu país, dentro de pouco tempo, a um tremendo desastre. Acorrentados ao destino deste mancebo leviano e espalha-brasas, também possuído pela miragem da África, os Portugue­ses precipitar-se-iam com ele num abismo sangrento de Marrocos. A tragédia privaria o País da independência por um período de sessenta anos.

Observada de perto, a meteórica passagem de Sebastião por esta vida deixa na sua esteira uma espécie de fulgurância hipnótica, um fatalismo que fascina e comove. Era mais do que seu direito que o cognominassem de Africano, mas reservaram injusta­mente a outro tão merecido título. As consequências do seu mando foram, em vida e depois de morto, de tal modo relevantes para o império, incluindo a nas­cente Angola portuguesa, que se justifica um relance pela memória dos seus pas­sos breves.

Dona Juana de Áustria (1535-1573)
Foi mãe de D. Sebastião e irmã de Felipe II de Espanha

Nascido em 1554, elevado ao trono aos catorze anos, Sebastião será chocan­temente trucidado em combate aos vinte e quatro. O reinado deste rapazinho loiro-arruivado, de grandes olhos azuis engastados num rosto sardento, fino e cismático, foi antecedido, de acordo com as singelas vozes do tempo, por calamitosos presságios.

Neto de João Terceiro, não chega a co­nhecer o pai, um diabético falecido aos dezasseis anos, perto de três semanas antes da sua vinda ao mundo. A mãe, a carrancuda Joana, irmã do rei Fi­lipe Segundo de Espanha, vive aterrorizada por visões. Visita-a, por exemplo, a misteriosa Mulher de Negro, que, semioculta nas sombras dos aposentos, lhe vaticina por sinais que o fruto do seu ventre se dissipará no ar, como fumo.

Noutras ocasiões sobressalta-se Joana com o fantasmagórico desfile de procis­sões de mouros, saídos não se sabe de onde, que se esgueiram através das pare­des, entoando cantorias fúnebres, em direcção ao negrume nocturno das águas do Tejo.
Sussurram-se estranhas histórias de sibilas e espectros. Estes, invari­avelmente em grupos de três, aparecem a homens da Igreja com augúrios de es­pantar. E, sinal dos sinais, incendeiam-se uma noite os céus de Lisboa, por sobre a velha Sé, com o rasto de um esplendoroso cometa em forma de ataúde.

Retrato de D. Sebastião (2)

Herdeiro, sem irmãos, do trono português, Sebastiãozinho é rigidamente edu­cado por jesuítas. Cedo dá indícios de um génio maniento e pouco reflectido. Mas não se lancem sobre os padres as culpas do desequilíbrio. O ânimo incerto, predisposto a extravagâncias, é seu de nascença, talvez como resultado dos inú­meros enlaces consanguíneos dos antepassados. Acaba de desestabilizar-se no clima de exaltação em que é criado.

A lembrança dos feitos dos Antigos, que esculpiram um império descomunal a golpes de espada e catecismo, desenvol­ve-lhe no espírito a semente de uma obsessão. Na sua esforçada letrinha infan­til, avisa certa ocasião, para júbilo apreensivo dos adultos, que, em sendo grande, há-de ir conquistar a África. Cá está a África. É a África dos areais de Marro­cos, a dos Mouros, abomináveis campeões do Islão. Expulsos há séculos de Por­tugal, permanecem, provocadores, às portas da Cristan­dade, a escassas milhas marítimas das costas lusitanas.

Sebastiãozinho não mais se libertará dessa ideia fixa. Transforma a fugaz existência numa alucinante ca­minhada de autista, irremediavelmente ligada àquele mórbido desígnio. Fica por vezes prostrado, num êxtase choroso, pedindo a Deus que o faça Seu capitão. Capitão será um dia. O que não será jamais é um estratego, um genuíno coman­dante-chefe, um seguro condutor de imponentes massas de homens em armas.

No fundo não passará, até ao derradeiro suspiro, de um solitário cavaleiro de Cristo, um arrogante soldadinho da sua fé, uma espécie de menino medieval que não cresceu, perdido numa vereda embruxada da História a esgrimir sem descanso contra o Mouro pérfido dos seus pesadelos de infância.

Retrato de D. Sebastião (3)

Por volta dos quinze anos, este pequeno homem, portador de um poder abso­luto nas suas perigosas mãos de adolescente, não hesita ante uma lúgubre incur­são ao reino dos mortos. Efectua uma peregrinação aos túmulos de diversos mo­narcas portugueses, violando-lhes as moradas eternas sem escrúpulos. No mos­teiro de Alcobaça ordena algumas exumações. Inebria-se diante das ossadas de Afonso Terceiro, esforçado vencedor dos Mouros nas lutas de liberta­ção da Península Ibérica. Viaja para os rendilhados de pedra da Batalha e traz à luz do dia o cadáver incorrupto de João Segundo. Venera-o como a um deus, acaba por proclamá-lo o melhor do seu ofício. Em Coimbra limita-se a cirandar, recolhido e reverencioso, junto ao mausoléu do rei Afonso Henriques, terror dos Sarracenos, lendário fundador da nacionalidade portuguesa no século XII. Desde logo projecta levar consigo a espada-talismã de Afonso, quando vier a hora da aventura africana.

E segue adiante, muito senhor do seu nariz, sem consentir que nada o distraia da sua empresa. Nada - nem mesmo os negócios do coração e do instinto. Esquiva-se a todos os arranjos casamenteiros, foge das mulheres como o diabo da água benta. Põe desse modo o reino em grave risco, porque não chega a deitar herdeiros a este mundo. Vai manter-se herói e casto, pronto para o sacrifí­cio final, como convém, aliás, a um capitão de Deus.

Com os olhos postos naquela África irresistível, prepara-se para o grande embate. Estoira-se em exercícios físicos demolidores - toureia, caça, doma cavalos bravos. Apura uma coragem desafiadora e irracional. Mete-se pelo oceano dentro, em dias de tempestade grossa, zombando de vagas monstruo­sas a bordo de minúsculos barquinhos. Ninguém se atreve a denunciar-lhe com seriedade os desatinos. Adulado por quase todos, perde a noção da sua medida e percorre sobranceiro os trilhos enganosos de uma sina fatal.
Certa ocasião, habilmente desarmado e vencido ao jogo das canas pelo alferes-mor Luís de Menezes, vê-se de imediato proclamado vencedor - imagine-se - pela maneira elegante com que erguera do chão a sua arma.

Retrato de D. Sebastião (4)

Dia após dia, suspira o reizinho por África, por Marrocos. Nesse tempo, ainda os Portugueses por ali mantêm alguns poderosos bastiões, virados ao Mediterrâ­neo e ao Atlântico - Ceuta, Tânger, Mazagão. São os sobejos de uma fieira de praças-fortes conquistadas ou construídas de 1415 em diante.
João Terceiro, o avô de Sebastião, confrontado com a extensão esmagadora do império, não tivera outro recurso senão enveredar por uma severa política de compressão de despe­sas. Optara por renunciar nos domínios marroquinos a várias posi­ções. Uma vez perdida por assalto a fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Guer, foram abandonadas Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila, esta posteriormente recuperada (...).

(...) O drama está iminente. As lutas internas pelo poder, em Marrocos, vão oferecer ao reizi­nho Sebastião o pretexto por que ele anseia para cair, como um anjo de vingança, sobre as planícies islamitas.
A cadeia de acontecimentos decisivos principiara a ganhar forma em 1574. Nesse ano, o mouro Mulei Mohamed levara a cabo a usurpação do trono marroquino, que, face às leis da dinastia dos Sádidas, caberia a seu tio, Mulei Abdelmalek, entretanto refugiado no estrangeiro.

No ano imedi­ato, amparado pelos turcos de Argel, Mulei Abdelmalek empreendera um vitori­oso retorno a Marrocos, sendo acolhido em delírio por um povo saturado da cru­eldade, da depravação e das extorsões de Mulei Mohamed. Ainda em 1575, Ab­delmalek alcançara um triunfo retumbante sobre as tropas do usurpador, que se pusera em fuga. Batê-lo-ia depois numa série de recontros, firmando-se como novo e ponderado xerife de Marrocos. Bom conhecedor da natureza turca, agira com sabedoria ao desembaraçar-se daqueles cúmplices incertos: gratificando-os com generosidade, suspirara de alívio assim que os vira desaparecer para as ban­das de Argel.

Em Portugal, Sebastiãozinho rejubila, pois pressente nestes sucessos emocionantes a sua miraculosa oportunidade. Desata a brandir o espantalho do perigo turco. Esses poderosíssimos aliados de Mulei Abdelmalek, argumenta ele, podem voltar um dia para ocuparem posições estratégicas na costa marroquina. Colo­carão dessa forma em risco a segurança das rotas marítimas e a própria estabili­dade dos reinos ibéricos. O jovem sustenta a necessidade de uma guerra santa, redentora, contra o Mouro.

Retrato de D. Sebastião (5)

É um desassossego, uma febre, uma canseira de Sebastiãozinho. Nada o detém. Acaba por associar-se ao xerife deposto, Mulei Mohamed, que não passa já de um político queimado, repelido pelo povo, sem a mais pequena hipótese de um futuro relevante em Marrocos. Forceja pelo auxílio do tio, Filipe Segundo de Espanha. O esperto castelhano, vagaroso, re­flectido, jogador magistral, entretém-no com falas moles e enredadas. Mas a ver­dade é que, quanto ao essencial, se empenha na rejeição daqueles projectos es­touvados.

Sincero ou não, o inefável tio Filipe procura abrandar os ímpetos do rapaz e demovê-lo da aventura, a seu ver tão arriscada como inútil. Em vão. O reizinho não escuta nem vê. Está surdo e cego, há um ror de anos, para tudo o que não seja a sua obsessão de infância, que é como uma estrela má a chamá-lo ininterruptamente no escuro firmamento do seu destino.

Dê por onde der, nos estremecimentos desta teia perigosa, só o aranhiço espanhol reúne possibilidades de ganhar alguma coisa. Basta que o estoira-vergas português se perca na guerra sem sucessores. Nesse caso, haverá fatalmente espanhóis à solta nas douradas praias lusitanas (...) " (*)
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(*) José Bento Duarte - Senhores do Sol e do Vento - Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos - Editorial Estampa - Lisboa - 1999)

(Continua no post seguinte)

(Fernando Pessoa) - Nevoeiro

NEVOEIRO


Nem rei nem lei,
nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
- Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal,
hoje és nevoeiro...

É a Hora!

(Fernando Pessoa - "Mensagem")

sábado, 15 de dezembro de 2007

Reis dos Mares (1) - Navios do Tempo Colonial Português

" Moçambique"

(Tinha dezassete anos quando viajei nele. Duas semanas inesquecíveis, escorridas num repente entre o Sul de Angola e Lisboa, a capital do império de então. Numa noite de vagas inquietas, a desfazerem-se estrondosas contra o casco deste valente navio, li da primeira à última página o "D. Sebastião", do quase esquecido Mário Domingues...)





"Uíge"
(Neste viajei com doze anos. Primeiras emoções marítimas...)





"Vera Cruz"

(... que muito navegou pelos portos da América do Sul, em cruzeiros de luxo)


"Quanza"




"Índia"




"Santa Maria"
(O mítico paquete capturado em 1961 por Henrique Galvão e seus companheiros de aventura. Morreu um oficial de bordo quando procurava opor-se à tomada do navio. Após perseguições navais e peripécias várias - que incluíram uma passagem rocambolesca pelo Brasil de Jânio Quadros -, o barco reentrou em Lisboa perante uma multidão expectante. Salazar deslocou-se a bordo. Mas foi lacónico: "Temos o 'Santa Maria' connosco. Obrigado, Portugueses.")




"Angola"





"Niassa"
(...que seria um dos principais transportes de tropas mobilizadas para combaterem nas então províncias ultramarinas portuguesas. A guerra tinha começado em Março de 1961, com os sangrentos acontecimentos no Norte de Angola).




"Príncipe Perfeito"





"Infante Dom Henrique"





"Império"




"Funchal"

sábado, 8 de dezembro de 2007

Afonso Romano de Sant'Anna - Dois Poemas

Silêncio Amoroso

Preciso do teu silêncio cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fales.
Um sopro,
a menor vogal,
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai quebrar.
O silêncio, aprendo,
pode construir.
É um modo denso/tenso
-de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar.

Reflexivo

O que não escrevi,
calou-me.
O que não fiz,
partiu-me.
O que não senti,
doeu-se.
O que não vivi,
morreu-se.
O que adiei,
adeus-se.

(Afonso Romano de Sant'Anna)

(Foto de Rita Teixeira)

Os Bons Velhos Tempos dos Comboios a Vapor (1)












































sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Pintores da Península Ibérica - (Espanha) - Amparo Cruz Herrera

As Mouras do Jarrão








Berbere








Olhos







A Travessa de Peixe







O Véu Azul








Casablanca







As Três Amigas







A Rosa








Flores







O Sábio







Moura de Verde







Pequena Lagoa







Virtudes








Vendedor de Água em Casablanca








Reunião na Praia








A Mantilha Negra







Judeu







Melknes








Perfil de Inês







Reflexos em Fez







Velho Árabe








Amigas Árabes







A Colheita







Avô e Neta







Beleza Entre Frutas e Flores






Amigas







Maré Verde







Japonesita








O Rabino







Marrakesh







O Turbante Branco







O Turbante Vermelho








O Chá








Perfil







Ao Baile








A Ceifa








A Moura e a Filha







Pescadores







Amor e Música







O Sorriso







Sinfonia em Amarelos







O Colar








O Colar e a Rosa







Belezas Árabes

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Amparo Cruz Mayor nació en Madrid el 4 de Octubre de 1926.
Hija del insigne pintor linense José Cruz Herrera, Académico de Bellas Artes de San Fernando, firma sus óleos como Amparo Cruz Herrera.
Los constantes viajes de sus padres le hicieron conocer los principales focos de la pintura europea, norteafricana y americana.
Sus estancias en París, Bruselas, Stach (Suiza), Casablanca y otras ciudades enriquecieron su sensibilidad y la visión europeizada de sus obras.
Autodidacta, tan sólo de la mano de su padre conoció y aprendió la técnica de los pintores impresionistas. Perfeccionó su propia pintura hasta conseguir este estilo tan temperamental y de gran sutileza.
Premiada en numerosas ocasiones, destacan el primero, segundo y tercer puesto obtenidos en el Salón de Otoño de Madrid, primer premio de "Pintores de África", primer premio de la Diputación de Madrid, y otros muchos como los conseguidos en París, Casablanca, y el Salón Dardo y Salón Eureka de Madrid.
Persona muy viajera, ha visitado India, Perú, México, Indonesia, Francia, Uruguay, China, EEUU, Holanda, Bélgica, Turquía, Cuba... y ha demostrado a través de su obra la luz, la belleza y el espíritu humano que sólo ella puede trasmitir con su mirada llena de sensibilidad y buena maestría.