domingo, 16 de dezembro de 2007

(Fernando Pessoa) - Nevoeiro

NEVOEIRO


Nem rei nem lei,
nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
- Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal,
hoje és nevoeiro...

É a Hora!

(Fernando Pessoa - "Mensagem")

Sem comentários: