sábado, 8 de dezembro de 2007

Afonso Romano de Sant'Anna - Dois Poemas

Silêncio Amoroso

Preciso do teu silêncio cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fales.
Um sopro,
a menor vogal,
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai quebrar.
O silêncio, aprendo,
pode construir.
É um modo denso/tenso
-de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar.

Reflexivo

O que não escrevi,
calou-me.
O que não fiz,
partiu-me.
O que não senti,
doeu-se.
O que não vivi,
morreu-se.
O que adiei,
adeus-se.

(Afonso Romano de Sant'Anna)

(Foto de Rita Teixeira)

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