Pequenas e grandes histórias da História e mensagens mais ou menos amenas sobre vidas, causas, culturas, quotidianos, pensamentos, experiências, mundo...
As seis primeiras fotos abaixo referem-se ao filme O Dr. Jivago, de David Lean (1965), que apresentou nos principais papéis Omar Sharif (como Jivago) e uma extraordinária, belíssima e inesquecível Julie Christie (como Lara).
As duas últimas imagens exibem e homenageiam uma Julie mais madura mas sempre atraente apesar da passagem dos anos. Ela nasceu em 14 de Abril de 1941, na Índia, e por lá foi crescendo, na plantação de chá de seu pai, antes da longa viagem que lhe permitiu completar os estudos em Londres e Paris.
N. B. - Vale a pena ver (ou rever) a grandiosa e comovente produção do genial Lean, que decorre no período da revolução russa. Valerá também a pena recuperar das bibliotecas o denso e belo romance de Boris Pasternak em que ela se baseia (Pasternak foi ostracizado pelo regime soviético. Quando, em 1958, lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura, as autoridades russas proibiram que o recebesse).
Amelia Mary Earhart nasceu em Atchison (Kansas, Estados Unidos da América) no dia 24 de Julho de 1897 e foi dada como desaparecida no oceano Pacífico a poucos dias de completar 40 anos de idade (2 de Julho de 1937).
Foi uma notável pioneira da aviação norte-americana, tendo sido a primeira mulher-piloto a atravessar os Estados Unidos num voo sem escalas, a primeira a voar do Havai à Califórnia e - seu feito mais memorável - a primeira a atravessar o Atlântico num voo solitário (1932).
Amelia já tinha efectuado a viagem transatlântica em 1928, mas fizera-o na companhia de dois outros pilotos. Quando a viagem terminou, ela exprimiu toda a sua insatisfação, dizendo que os companheiros haviam feito todo o trabalho de pilotagem. Eu fui só bagagem, como um saco de batatas, resumiu. Mas logo acrescentou, com o seu espírito de lutadora: Talvez um dia eu tente fazê-lo sozinha.
E foi o que fez, aos 34 anos. Partiu de Harbour Grace (Terra Nova) na manhã de 20 de Maio de 1932. Após um voo muito difícil de 14 horas e 56 minutos, em que enfrentou ventos fortíssimos, gelo e problemas mecânicos, aterrou numa pastagem em Culmore (norte de Derry, Irlanda do Norte). Um fazendeiro, espantado, perguntou-lhe: Você veio de longe? Amelia respondeu-lhe, com toda a simplicidade: Vim da América.
Amelia Earhart foi, desde muito jovem, convicta defensora dos direitos das mulheres e da sua capacidade para levarem a cabo qualquer das tarefas usualmente atribuídas aos homens. Numa carta que deixou ao marido, George Putnam, antes de partir para aquela que seria a sua derradeira viagem, escreveu: Fica sabendo que estou consciente dos riscos que vou enfrentar. Mas as mulheres devem tentar as mesmas coisas que os homens já tentaram. Se eles fracassaram, isso deve constituir um desafio para nós.
O seu feminismo manifestava-se de diversas formas - por exemplo, na sua recusa de usar o apelido do marido. Quando alguma imprensa insistiu em tratá-la como Sra. Putnam, ela troçou e fez logo saber que o marido devia passar a ser referido como Sr. Earhart.
No dia do seu casamento (1931), fez chegar às mãos do noivo uma carta em que estabelecia minuciosamente a perfeita equivalência de direitos e de responsabilidades do casal que estavam prestes a formar...
Durante a primeira parte do ano de 1937, Amelia preparou-se para aquilo que esperava viesse a ser a grande façanha da sua vida: voar 46 000 quilómetros à volta do mundo.
No dia 1 de Junho, acompanhada pelo navegador Fred Noonan, ela descolou no seu avião Lockheed Electra para cumprir a primeira etapa da viagem: seguiram de Miami até Porto Rico. Depois, em sucessivas etapas, desceram pela costa nordeste da América do Sul e, inflectindo para leste, voaram para atravessar a África pelo ponto de maior largura.
Contornando o Golfo Pérsico, Amelia e Noonan tomaram o rumo de Carachi e de Calcutá, passando depois por Rangun, Banguecoque, Singapura, Java, Port Darwin (norte da Austrália) e, finalmente, Papuásia-Nova Guiné.
Nessa altura tinham já percorrido mais de 35 000 quilómetros, ou seja, cerca de 80% do total previsto. Amelia Earhart sabia que a próxima etapa, voando para leste da Nova Guiné, seria a de maior dificuldade.
Mesmo desfazendo-se de tudo o que não era essencial a bordo - a fim de libertar espaço para mais combustível -, a margem de segurança era mínima. Mas ela resolveu prosseguir, escolhendo como próximo local de reabastecimento um minúsculo atol coralífero, com cerca de 2 quilómetros quadrados, perdido na imensidão do Pacífico central: Howland Island (Ilha Howland), mais ou menos a meio caminho entre o Havai e a Austrália.
Tomada a decisão, o Lockheed Electra levantou voo para percorrer os cerca de 4 000 quilómetros da etapa. Como pontos de referência ao longo desta parte da sua rota, Amelia Earhart contava naquelas águas com a presença do Itasca, navio da Marinha norte-americana, que navegava na companhia de mais três embarcações.
Às 7h42m da manhã de 2 de Julho, o Itasca recebeu uma curta e inquietante mensagem proveniente do Lockheed Electra de Amelia Earhart:
KHAQQ chama Itasca. Devemos estar perto de vocês mas não conseguimos ver-vos, o nível de combustível está a ficar muito baixo. Temos para meia hora e não se avista terra.
Cerca de um quarto de hora após esta comunicação, Amelia transmitiu que não conseguia captar as mensagens do Itasca. Às 8h43m emitiu outra mensagem, fornecendo apenas a posição do avião. Depois disso, não voltou a comunicar.
Consciente da gravidade da situação, o comandante do Itasca ordenou que fosse alterada a mistura de combustível do navio, por forma a que as chaminés expelissem uma fumaça escura que talvez pudesse guiar o Lockheed Electra. Mas os céus continuaram vazios, sem qualquer sinal do avião, e, à medida que as horas se foram escoando sem novidade, todos se convenceram de que os aviadores se tinham perdido.
O presidente norte-americano, Franklin Roosevelt, mandou que fossem imediatamente despachados para a zona nove navios de guerra e 66 aviões. A sua missão consistia em procurar a aeronave perdida numa superfície de 250 000 milhas quadradas de oceano. Mas todas as buscas foram baldadas: nem sinais do avião nem dos seus tripulantes.
Apesar das teorias que foram surgindo ao longo dos anos sobre o desaparecimento do Lockheed Electra (algumas delirantemente fantasiosas), é hoje incontestável que Amelia Earhart simplesmente se perdeu durante o voo e que, sem pontos de referência à vista e com o combustível esgotado, se despenhou no mar.
Foi ali, nas águas alterosas do imenso Pacífico, que ela ficou sepultada com o seu último e grande sonho - o sonho que por muito pouco não chegou a concretizar.
Amelia Earhart aos 35 anos
Com o tempo, Amelia acabou por transformar-se num ícone, presente em livros, filmes, bandas desenhadas e documentários especulativos sobre o seu trágico fim. Inúmeras canções foram compostas em sua homenagem. Algumas delas abordam precisamente aquele dia fatídico de Julho, como a que se apresenta a seguir (O Último Voo de Amelia Earhart):
Na entrevista abaixo,
Amelia explica o seu voo transatlântico:
O filme seguinte mostra as derradeiras imagens captadas com Amelia Earhart e o navegador Fred Noonan (embarque no Lockheed Electra e descolagem para o voo fatal):
Se quiser saber mais pormenores sobre a vida fascinante de Amelia Earhart, cliqueaqui.
Salomão e a rainha de Sabá (Pintura de Giovanni de Min, 1786-1859)
Georg Friedrich Händel, compositor alemão.
Nasceu em Halle an der Saale (Brandemburgo - Prússia) no dia 23 de Fevereiro de 1685 e faleceu em Londres a 14 de Abril de 1759.
Naturalizou-se cidadão britânico em 1726.
Exímio instrumentista e com grande facilidade em compor, produziu mais de 600 obras - entre óperas, oratórios e música instrumental. É considerado um dos grandes mestres do Barroco musical europeu.
Oiça, abaixo, A Chegada da Rainha de Sabá (The Arrival of the Queen of Sheba) segundo várias interpretações:
Foi reino formalmente independente até 1893, ano em que um golpe de estado perpetrado por empresários e residentes euro-americanos colocou fim à monarquia.
Em 1898, os Estados Unidos anexaram o arquipélago, que passou a ser um seu território e assim se manteve por cerca de 60 anos.
Em 1959, após um processo de referendo entre a população, o Havaí tornou-se, finalmente, um dos 50 estados dos Estados Unidos da América.
Estátua de Lili 'Uokalani, em Honolulu (Havaí)
A última monarca do reino de Havaí foi Lili 'Uokalani, que sucedera a seu irmão David Kalãkaua em 1891.
Deposta em 1893 pelo referido golpe de estado, foi detida em Janeiro de 1895 e condenada a cinco anos de prisão com trabalhos forçados.
A sentença foi contudo comutada em detenção domiciliária e Lili 'Uokalani acabaria por mudar-se para a residência Washington Place (Honolulu), onde viveria discretamente até à sua morte, em 1917.
Em 1993, exactamente cem anos depois deste episódio brutal, os Estados Unidos assumiram uma reparação pública pelo sucedido.
Numa Resolução aprovada pelo Congresso e assinada pelo presidente Bill Clinton, reconheceu-se que a deposição de Lili fora ilegal e que o golpe ocorrera com a participação activa de cidadãos dos Estados Unidos, sendo por isso apresentado ao povo havaiano um pedido de desculpas formal.
Tratou-se de um acto simbólico, mas moral e historicamente justo para com a memória de Lili 'Uokalani, a última soberana.
A rainha nos seus últimos tempos, na residência de Washington Place, em Honolulu.
Lili 'Uokalani escreveu uma autobiografia poucos anos depois de ter sido deposta (História do Havaí pela Rainha do Havaí).
Distinguiu-se também pela autoria de várias composições musicais de notável inspiração.
A mais famosa de todas tem por título Aloha 'Oe (Adeus a Ti), ainda hoje ouvida com muitíssimo agrado.
Nessa canção maravilhosa evoca-se a triste e comovente despedida de dois apaixonados:
Na ilha de Oahu destaca-se a capital, Honolulu (onde nasceu o presidente norte-americano Barack Obama), e, também, Pearl Harbor, atacada pelos Japoneses em 1941 (um acto que provocaria a entrada imediata dos Estados Unidos na 2.ª Guerra Mundial).