Waris Dirie nasceu na Somália em 1965.
Aos quatro anos de idade sofreu a mutilação genital.
Aos treze anos conseguiu fugir da sua aldeia.
Luta, há muitos anos, contra esta crueldade intolerável.
Saiba mais sobre Waris - aqui.
Oiça abaixo o que ela disse:
Tradução:
"Amo a minha mãe.
Amo a minha família.
E amo África.
Há mais de 3.000 anos, as famílias acreditam firmemente
que uma jovem à qual não se fez a mutilação genital
é impura.
Porque o que temos entre as pernas é impuro
e deve ser removido e fechado depois
como prova de virgindade e virtude.
Na noite de núpcias, o marido pega numa faca ou numa navalha e corta
antes de penetrar pela força em sua esposa.
Se não se fizer a mutilação a uma mulher,
ela não se casa
e, por conseguinte, é expulsa da sua aldeia e tratada como prostituta.
Esta prática continua, apesar de não constar do Corão.
Sabe-se que, em consequência desta mutilação,
as mulheres adoecem física e psicologicamente
para o resto das suas vidas.
Essas mesmas mulheres são a coluna vertebral de África.
Eu sobrevivi, mas duas das minhas irmãs, não.
Sofia morreu de hemorragia após ser mutilada
e Amina faleceu durante o parto, com o bebé ainda no seu ventre.
Até que ponto se fortaleceria o nosso continente
se um ritual tão selvagem fosse abolido?
Existe um provérbio no meu país:
'o último camelo da fila caminha tão depressa como o primeiro'
O que acontece com qualquer uma de nós, afecta todos os outros.
Quando eu era criança
dizia que não queria ser mulher.
Para quê, se sofres tanta dor e és tão infeliz?
Mas, agora que cresci, estou orgulhosa de ser o que sou.
Para o bem de todos nós,
tentemos mudar o que significa ser uma mulher assim."
.........
130 milhões de mulheres e meninas
sofrem as consequências da mutilação genital.
Os emigrantes continuam esta tradição
em África e na Ásia
e também na Europa e nos Estados Unidos.
Waris Dirie foi a primeira mulher
que falou publicamente da mutilação genital feminina
e que conseguiu chamar a atenção para o problema.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan,
nomeou Waris Dirie como embaixadora especial da ONU
na luta contra esta atrocidade.
Desde então, a mutilação genital feminina
foi oficialmente proibida em muitos países.
Apesar disso, continua a praticar-se hoje em dia:
são mutiladas 6.000 meninas em cada dia.
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