Há mortos que demoram a morrer
é inútil sepultá-los
eles voltam
eles voltam
demoram-se por vezes numa sombra
num braço de cadeira
ou no rebordo partido de uma chávena.
Ou então escondem-se
ou no rebordo partido de uma chávena.
Ou então escondem-se
em pequenas caixas sobre as mesas.
Há objectos que ficam cheios deles
são como o rosto transmudado dos ausentes
sua marca na casa e no efémero.
Por isso custa tanto retirar o prato e o talher
arrumar os fatos
desfazer a cama.
Há mortos que nunca mais se vão embora.
desfazer a cama.
Há mortos que nunca mais se vão embora.
Há mortos que não param de doer.
(Manuel Alegre - Portugal)
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Requiem (In Paradisum)
(Gabriel Fauré)
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Requiem (In Paradisum)
(Gabriel Fauré)
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