sábado, 8 de novembro de 2025

Uma Burla Fantástica: Os "Diários Secretos de Hitler"

 

À direita: capa da revista Stern, de 25 de Abril de 1983,
com a manchete explosiva: "Descobertos os Diários de Hitler"


Gerd Heidemann, nascido em 1931, foi um repórter da revista alemã Stern, para a qual trabalhou durante mais de 30 anos. Uma das suas ocupações favoritas consistia no estudo afincado do regime nazi, que dominou a Alemanha de 1933 a 1945.

Na década de 1970, Heidemann vendeu uma casa que possuía em Hamburgo e, com o dinheiro recebido, adquiriu um iate, o Carin II, outrora pertencente a Hermann Göering, poderoso número 2 de Adolf Hitler.

Por essa altura conheceu Edda, a filha de Göering, e com ela iniciou uma relação sentimental que duraria cinco anos. O casal organizou no Carin II alguns eventos sociais, aos quais compareciam, entre outras figuras, algumas testemunhas oculares de importantes episódios do III Reich. Os generais da SS Karl Wolff e Wilhelm Mohnke, por exemplo, estiveram entre os convidados. Mohnke, recorde-se, participou na derradeira defesa de Berlim, tendo comandado a resistência nas imediações do "bunker" de Hitler quando o Exército Russo já apertava o cerco final.

Gerd Heidemann com o seu iate "Carin II"

Foi através de um dos antigos oficiais nazis que Heidemann conheceu, nos começos de 1981, Konrad Kujau, nascido em 1938, exótica personagem que ganhava a vida vendendo recordações do III Reich numa loja de Estugarda.

Um dia, Kujau contou ao repórter da Stern uma estranha e surpreendente história. Um seu irmão, oficial do Exército da Alemanha Oriental, tivera acesso aos diários manuscritos de Adolfo Hitler e conseguira fazê-los passar para a Alemanha Ocidental. Agora, pretendia vendê-los por bom preço, tendo Kujau como intermediário.

Konrad Kujau e um dos 62 volumes

Nunca antes se ouvira falar de tais diários. Mas Kujau forneceu uma explicação. Nos derradeiros dias de Abril de 1945, pouco antes do suicídio do ditador alemão (ocorrido a 30 desse mês), os diários tinham sido apressadamente metidos, com outros pertences pessoais do chanceler, num dos últimos aviões que conseguiram sair da capital germânica. O objectivo era fazê-los chegar a Berchtesgaden, nos Alpes Bávaros - onde Hitler mandara edificar o seu refúgio particular -, colocando-os aí a bom recato.

As coisas, todavia, não correram como havia sido planeado. O avião acabou por despenhar-se nas proximidades de Dresden, tendo sobrevivido apenas um dos passageiros. Acorrera então um agricultor local, que conseguiu salvar parte da carga, incluindo os diários de Hitler - nada mais nada menos do que 62 volumes encadernados em couro artificial preto.
Esta preciosidade tinha ficado escondida durante anos, até chegar às mãos do actual proprietário - o irmão de Kujau.


Gerd Heidemann exibe também um dos volumes dos diários


Gerd Heidemann tomou como boa a história do seu interlocutor. E não mais descansou até conseguir convencer os seus patrões da Stern de que valia a pena um considerável esforço financeiro para obterem e publicarem os ambicionados diários.

Foi assim que 9,3 milhões de marcos mudaram repentinamente de mãos. Depois, no dia 25 de Abril de 1983, a capa da Stern surgiu com uma manchete explosiva: tinham sido finalmente descobertos os diários secretos do ditador alemão!

No interior da publicação, mais de 40 páginas de extractos constituíam o prato forte de um artigo em que se anunciavam, para os próximos 18 meses, mais 27 publicações sobre o mesmo tema.

A revista não tinha dúvidas de que, face ao caudal e à natureza da informação assim alcançada, a biografia do ditador nazi teria de ser forçosamente reescrita. Com isso, a história da Alemanha nazi adquiriria novos e inesperados contornos.


Hugh Trevor-Roper (esquerda) e Gerhard Weinberg (direita)

Na conferência de imprensa efectuada nesse dia na sede da revista, em Hamburgo, Gerd Heidemann pôde ufanar-se do seu feito. E Peter Koch, o editor-chefe, dissertou largamente sobre o triunfo da Stern. Revelou, entre outros pormenores, que, sem que alguém suspeitasse, Adolf Hitler tinha escrito diligentemente os seus diários à mão, desde 1932 até umas poucas semanas antes do suicídio no "bunker".

Em matéria de tal melindre, a Stern procurou acautelar-se com algumas opiniões de peso. E obteve-as da parte de Hugh Trevor-Roper, historiador britânico, e de Gerhard Weinberg, americano da Universidade da Carolina do Norte. Após uma consulta breve dos volumes em causa, ambos afirmaram que os consideravam genuínos.

As cautelas eram mais do que justificadas, face ao interesse que o assunto logo despertou por toda a parte, designadamente entre alguns prestigiados representantes da imprensa mundial.

Por exemplo, o Sunday Times, de Londres, pagou o equivalente a 400 000 dólares pelos direitos de publicação na Grã-Bretanha e na Commonwealth. A Paris Match, de França, e a Panorama, de Itália, dispuseram-se a publicar os diários.

A americana Newsweek apresentou um artigo extenso sobre a matéria, embora tenha hesitado em adquirir os direitos de publicação. Entre outras razões, porque achava indispensável uma autenticação mais segura dos volumes em causa.


Algumas das folhas apresentadas

As dúvidas sobre a autenticidade dos diários tinham sido suscitadas logo no momento da sua apresentação. O controverso historiador David Irving fez uma pergunta embaraçosa, querendo saber se fora efectuada uma análise química da tinta dos documentos para tentar datá-la. Na verdade, não fora.

Para desconforto da Stern, começaram a acumular-se as dúvidas. Como é que Hitler conseguira ocultar de todos os seus próximos, ao longo de 13 anos, que andava a escrever um diário? Por outro lado, sabia-se que ele não gostava de escrever, optando por ditar os seus textos a dactilógrafas. Nas raras ocasiões em que escrevia, utilizava preferentemente o lápis. Acresce que, a partir de certa altura, padecia de violentas tremuras nas mãos, o que o teria com certeza impedido de produzir manuscritos tão cuidados.

Perante o coro crescente de dúvidas e desconfianças, Trevor-Roper e Gerhard Weinberg começaram a vacilar nas suas opiniões. O primeiro chegou a dizer que o melhor era considerar que os documentos eram forjados "até prova em contrário". Weinberg, por seu turno, sugeriu à Stern que recorresse a grafólogos e que permitisse aos historiadores um exame integral dos 62 volumes dos diários.

O escândalo começou a ganhar enormes proporções. Um grafólogo americano, contratado pela Newsweek, analisou em Nova Iorque dois dos volumes e concluiu estar-se perante falsificações - ainda por cima "más falsificações".

Na Alemanha, exames técnicos rigorosos provaram que o papel e a tinta dos diários, a cola das encadernações, as capas de couro artificial e as fitas vermelhas com selos de lacre de alguns volumes datavam inequivocamente de um período posterior à 2.ª Guerra Mundial.

Foi mesmo possível demonstrar que o autor da falsificação seguira fielmente, nos seus textos, uma obra de Max Domarus - Hitler: Discursos e Proclamações, 1932-1945. Até os erros de Domarus se achavam transpostos para os famosos diários.

Já não restava qualquer dúvida: a Stern caíra numa burla fantástica e o seu prestígio ficaria abalado durante décadas. Os seus empregados, indignados com o caso, fizeram uma greve de zelo. Peter Koch pediu a demissão. Gerd Heidemann acabou despedido. E Henri Nannen, editor, proclamou: "temos razão para nos envergonharmos".


Kujau com a famosa capa da Stern. À direita, os livros de Max Domarus que lhe serviram de guião para os diários.

As investigações posteriores conduziram rapidamente ao laborioso falsificador - o exótico Konrad Kujau. Ele confessou tudo, procurando - e conseguindo - implicar Gerd Heidemann no golpe. O repórter defendeu-se dizendo que tinha sido ludibriado, mas a verdade é que se havia locupletado, a título de comissão, com um milhão e meio de marcos (do total de 9,3 milhões pagos pela Stern).

Em 1985, após um mediático julgamento que se arrastou por dois anos, foram ambos considerados culpados de fraude. Kujau foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão. Heidemann sofreu uma pena um pouco superior (mais dois meses de prisão).

Quando recuperou a liberdade, Kujau dedicou-se ao que melhor sabia fazer: falsificações. Mas, desta vez, procurou não infringir a lei. Passou a reproduzir e a vender quadros de pintores famosos, como Van Gogh, Rembrandt e Monet, entre outros. Assinava cada um dos quadros de duas maneiras: com a sua firma pessoal e com a do artista original. A sua obra  tornou-se tão famosa que - ironia suprema - começaram a surgir no mercado "falsificações das suas próprias falsificações".

Faleceu no ano de 2000.

Quanto a Gerd Heidemann, continuou incansavelmente a reafirmar a sua inocência.



Recentemente  (15 de Setembro de 2018) a Stern organizou uma exposição, na sua sede em Hamburgo, com sete dos 62 falsos diários de Hitler. Foram igualmente mostrados alguns objectos relacionados com o escândalo, como o ferro de engomar que Kujau utilizou para "envelhecer" o papel.

O chefe de redacção da revista, Christian Krug, afirmou: "estamos a expor a nossa maior ferida". O vice-chefe, Thomas Ammann, disse que o caso dos diários hitlerianos foi "a mãe de todas as fake news".

Alguns diários, anteriormente doados pela Stern a museus e instituições científicas, já tinham sido expostos ao público. Mas esta foi a primeira vez em que a própria revista o fez. Krug adiantou que os exemplares ainda na posse da Stern serão doravante expostos em eventos especiais.





sábado, 1 de novembro de 2025

O Bom, o Mau e o Vilão...



… pela Orquestra Sinfónica Nacional da Dinamarca:



Maestrina: Sarah Hicks

Compositor: Ennio Morricone

Chefe de coro: Edward Ananian-Cooper
Soprano: Christine Nonbo Andersen
Mezzo-soprano: Tuva Semmingsen
Saxofone, harmónica, flauta: Hans Ulrik
Guitarra, banjo, bandolim: Mads Kjølby

sábado, 25 de outubro de 2025

Napoleão Bonaparte, imperador dos Franceses, terá sido envenenado?

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Depois dos tempos de glória, os últimos anos de Napoleão Bonaparte foram vividos em exílio, na ilha de Santa Helena, em pleno Atlântico Sul, sob apertada vigilância inglesa (1815-1821).
Foi o segundo e último exílio do imperador francês.

O primeiro ocorrera na ilha de Elba (1814), de onde ele conseguira evadir-se para uma efémera retomada do poder, até à derrota definitiva de Waterloo, diante dos exércitos Britânico e Prussiano (1815).
Seguira-se a etapa final: a residência de Longwood House, na ilha de Santa Helena.

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Durante muito tempo, a morte de Napoleão Bonaparte foi atribuída à acção de um cancro no estômago. Até que, mais recentemente, o canadiano Ben Weider e o toxicólogo sueco Sten Forshufvud efectuaram uma descoberta sensacional.

Examinando cinco fios de cabelo do imperador, eles acharam uma concentração anormalmente elevada de arsénico.
As concentrações de veneno tinham variado consideravelmente de dia para dia (de 5 a 38 vezes do padrão normal).
A precisão desta análise seria corroborada em 1995 pelo Departamento de Venenos do FBI.


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As suspeitas foram convincentemente confirmadas pela análise dos depoimentos das pessoas que tinham acompanhado Napoleão no exílio, destacando-se o diário de Louis Marchand, o seu criado de confiança.

Confrontando-se este diário com outros registos, tornou-se possível detectar mais de 20 sintomas característicos do envenenamento por arsénico. Com um pormenor sinistro: comparados os registos escritos com as análises do cabelo, pôde concluir-se que os períodos de maiores queixas de Napoleão coincidiram com aqueles em que lhe terá sido ministrado o arsénico.

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Tudo indica que o arsénico foi dado a Napoleão durante um período de tempo muito longo (de 1816 a 1821). O intuito terá sido o de fazer parecer que a morte do imperador se devera a causas naturais.
Na fase final, a partir de Março de 1821, a acção do veneno foi complementada (por acaso ou não) pela administração de tártaro emético, uma substância receitada ao doente pelo seu médico, doutor Antommarchi, para o obrigar a vomitar.

Sabe-se que o emético, ingerido durante um período prolongado, destrói o revestimento do estômago até que desaparece o reflexo do vómito.
Deste modo, o veneno entra no organismo sem que o estômago tenha possibilidade de expeli-lo.

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Nos últimos dias, fizeram com que Napoleão bebesse orchata (uma mistura de água de flor de laranjeira e amêndoas amargas), para combater a terrível sede que o afligia (um sintoma da presença de arsénico).
E, a 3 de Maio, ministraram-lhe também calomelano, para lhe aliviar a prisão de ventre (outro sintoma).

Acontece que os dois preparados (orchata e calomelano) reagiram conjuntamente no estômago do paciente, transformando-se num veneno letal – o cianeto de mercúrio.


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Acabou por sobrevir a crise final.
Após uma agonia extremamente dolorosa, Napoleão Bonaparte, imperador dos Franceses, expirou um pouco antes das seis da tarde do dia 5 de Maio de 1821. Tinha 51 anos de idade.

Quando o doutor Antommarchi realizou a autópsia, verificou a corrosão do estômago do imperador e a existência de um tumor na sua base.
O veredicto foi “morte por cancro”.
Mas o doutor notou uma coisa surpreendente: Napoleão estava praticamente sem pêlos no corpo.
Antommarchi não o sabia, mas a perda de pêlos do corpo é outro dos sintomas característicos do envenenamento por arsénico...

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Túmulo de Napoleão, nos Inválidos, Paris, França
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Hoje, é geralmente aceite que a morte de Napoleão não ficou a dever-se a causas naturais.
Mas, se ele foi assassinado, quem terá sido o culpado?
As análises a respeito são fortemente especulativas, sendo impossível chegar a uma certeza.
A lista de suspeitos aparece encabeçada por duas personagens.

A primeira é o conde de Montholon, um dos cortesãos que fizeram companhia a Napoleão na residência de Longwood House.
O conde parece ter acumulado razões de ressentimento contra o imperador.
Por outro lado, se o veneno foi ministrado nas garrafas de Vin de Constance (um vinho que só Napoleão bebia), salienta-se o facto de que Montholon era o responsável pela garrafeira do ilustre prisioneiro.

O outro suspeito é Sir Hudson Lowe, o governador britânico da ilha.
Admite-se que os Ingleses tivessem interesse em fazer desaparecer de vez o seu temível inimigo, entretanto transformado num incómodo símbolo vivo.

Conta-se que Napoleão Bonaparte dissera um dia ao governador inglês: Acredito que haveis recebido ordem para me matardes – sim, para me matardes!

Montholon?
Hudson Lowe?
Outro ainda?

Eis um mistério da História que ficará talvez irresolúvel para sempre…



quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Abertura da Opereta "Cavalaria Ligeira" - (Suppé)

 

Compositor: Franz von Suppé
Orquestra de Cleveland
Maestro: Franz Welser-Möst


sábado, 11 de outubro de 2025

APPOMATTOX - Rendição do general Robert E. Lee ao general Ulysses S. Grant - Fim da Guerra Civil Americana (1865)

 

Os generais Robert Lee (à esquerda) e Ulysses Grant (à direita)
assinam os termos da rendição na Casa McLean


Há 156 anos, no dia 9 de Abril de 1865, o general Ulysses S. Grant, comandante do Exército da União, montou no seu cavalo Cincinnati e dirigiu-se a Appomattox Court House, uma povoação da Virgínia. Aí, na chamada Casa McLean (porque pertencia a Wilmer McLean), aguardava-o Robert E. Lee, o chefe das tropas confederadas e separatistas.

A epopeia militar do general confederado e o sonho da separação sulista haviam chegado ao fim. Após uma série de triunfos retumbantes, a estrela de Lee começara a empalidecer sob os ataques do Norte, sobretudo a partir do momento em que se quebrou o mito da sua invencibilidade. A esse respeito, a derrota de Gettysburg, em 1863, ficara como um marco importante e fatídico na campanha da Confederação (rever aqui).

Agora, em Abril de 1865, depois dos derradeiros e desesperados confrontos nas imediações de Appomattox, Robert E. Lee tinha o seu exército encurralado por forças muito superiores e frequentemente reforçadas. Só lhe restava o caminho da rendição e foi isso mesmo que ele comunicou por carta a Ulysses Grant. Após a resposta afirmativa do inimigo, ficou à espera deste para se resolver o fecho do conflito que durava desde 1861.


Cumprimentos entre os dois grandes adversários na Casa McLean


Quando Grant deu entrada na Casa McLean, os dois líderes cumprimentaram-se e apresentaram um ao outro os oficiais que os acompanhavam. Ambos tinham frequentado a Academia de West Point e os dois tinham participado na guerra dos Estados Unidos contra o México (1846-1848). Por isso, não eram dois desconhecidos sem pontos de contacto.

Depois das saudações, Grant e Lee trataram das formalidades previstas na correspondência que haviam mantido. O acordo ficou estabelecido em documentos surpreendentemente curtos: os dois assinaram e trocaram cartas com os termos da rendição e, pelas 3 horas da tarde, tudo havia terminado (ainda que o fim oficial das hostilidades só tenha chegado a 28 de Junho de 1865).

Grant, evitando sabiamente humilhar os antigos inimigos, permitiu que os oficiais confederados continuassem na posse das montadas e das armas pessoais. Foi por isso que Robert E. Lee pôde entrar e sair da Casa McLean com a sua espada, despedindo-se cavalheirescamente dos vencedores e abandonando o local com tranquila dignidade.

Mais tarde, Ulysses Grant recordou os sentimentos que Robert Lee lhe inspirara no momento da rendição - naquelas horas que tinham encerrado um conflito que roubara mais de meio milhão de vidas à nação: Senti tudo menos regozijo perante a queda de um adversário que tinha lutado tão longa e valentemente e que tanto tinha sofrido por uma causa, embora essa causa fosse, segundo creio, uma das piores por que um povo alguma vez lutou.


Robert Lee abandona a Casa McLean após ter assinado a rendição







O vencedor
General Ulysses S. Grant (1822-1885),
comandante dos exércitos da União
e futuro Presidente dos Estados Unidos







O vencido
General Robert E. Lee (1807-1870),
comandante dos exércitos da Confederação



A Casa McLean em 1865






A Casa McLean nos dias de hoje (reconstruída)






A sala da casa McLean onde se assinou a rendição (reconstruída)


1 - Oh Susana
(Canção dos Confederados)


2 - Battle Cry of Freedom
(Canção dos Unionistas)



quarta-feira, 8 de outubro de 2025

JAZZ VINTAGE - "Somebody Stole My Gal" (Alguém Roubou a Minha Garota)

 



(1) Ted Weems Orchestra




(2) Jim Kweskin & The Jug Band



(3) Pee Wee Hunt





(4) Bennie Moten Set
(Voice: Nicolle Rochelle)


sábado, 4 de outubro de 2025

"Sag Warum" - "Diz porquê" (Camillo Felgen - Luxemburgo)

 

Camillo Felgen (1920 - 2005)


Nachts geh ich dahin
Ich bin allein und frag, warum?
Die Tage gehen mir nicht aus dem Sinn
Und ich frag mich, warum?
Du gingst fort, wohin?
Ich rief dich oft
Doch du bliebst stumm
Du fühlst es nicht
Wie einsam ich bin
Und ich frag mich, warum?
Sag, warum?
Ich wollt glücklich sein
Doch du ließt mich allein
Wann kommst du zurück?
Sag, wann scheint uns das Glück?
Oh ja, das wär schön
Bei dir zu sein
Mit dir zu gehen
Doch ich bin einsam
Bin immer einsam
Und ich frag mich, warum?
Sag, warum?

*********

À noite, estou sozinho
e pergunto-me - porquê?
Os dias passam sem sentido
E eu pergunto-me - porquê?
Tu  foste-te embora
Para onde?
Chamei-te muitas vezes
Mas tu ficaste em silêncio
Tu não sentes
o quanto eu fiquei só
E eu pergunto-me - por quê?
Diz - porquê?

Eu quero ser feliz
Mas tu deixaste-me sozinho
Quando voltarás?
Quando sorrirá para nós a felicidade?

Oh, sim, como seria bom
Estar contigo
Caminhar contigo
Mas eu estou só
Estou sempre só
E pergunto-me - porquê?
Diz - porquê?


sábado, 27 de setembro de 2025

A Morte de Custer (ou: A Grande Vitória dos Índios na Batalha de Little Bighorn) (1876)

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George Armstrong Custer, militar norte-americano, nasceu em 5 de Dezembro de 1839 e morreu em luta contra os índios, aos 36 anos de idade, no dia 25 de Junho de 1876.
Formado na Academia de West Point, não se distinguiu particularmente nem pela aplicação nos estudos nem pela rígida observância das regras.


Sobressaiu, pela bravura, durante a Guerra Civil travada nos Estados Unidos (1861-1865), na qual integrou, como oficial de Cavalaria, as forças do Norte.
Teve a vida por um fio em diversas ocasiões. Contam-se episódios de cargas de cavalaria em que as montadas lhe caíram fulminadas pela metralha inimiga, enquanto ele saía miraculosamente ileso do campo de batalha.

O seu desempenho em campanha foi de tal forma meritório que lhe valeu uma célere ascensão na hierarquia militar, tendo chegado ao generalato (por graduação).
Após o termo da Guerra Civil, e como era de regra, a graduação foi revista e Custer retrocedeu vários postos, retomando a “carreira normal”.
Quando morreu, detinha o posto de tenente-coronel, mas ficará para sempre nas memórias, por boas ou más razões, como o General Custer.

Os êxitos do seu histórico de guerra deram-lhe porventura a convicção de que beneficiava de uma qualquer protecção sobrenatural, sentimento de resto comum aos que se imaginam eleitos dos deuses.
Talvez por isso, a palavra que mais ocorre quando evocamos Custer é a de desprezo.
Desprezo pelos cânones regulamentares, desprezo pelo perigo, desprezo pelos inimigos, desprezo pela própria vida.


.O derradeiro desafio de Custer – e o seu definitivo abandono pelos deuses da guerra - ocorreu nos territórios de Montana, no Noroeste dos Estados Unidos. É uma região limitada pelo Canadá, Idhao, Wyoming, Dakota do Norte e Dakota do Sul.

Era o tempo das Guerras Índias, destinadas a conquistar territórios aos naturais do País. Na peugada (ou às vezes adiante) do Exército avançavam os garimpeiros, os criadores de gado, os povoadores de novos centros urbanos, os empresários, as linhas do caminho-de-ferro. As descobertas de minérios preciosos, de terras de bons pastos e de excelentes oportunidades de negócio significavam, inapelavelmente, o termo do modo de vida índio e, ao fim e ao cabo, o epílogo de uma civilização.

A lógica do desenvolvimento capitalista era incompatível com a presença dessa gente de pele avermelhada, altiva e indómita, que percorria livremente as grandes planícies na perseguição das manadas de búfalos de que dependia, em grande parte, a sua sobrevivência.

Os índios poderiam ficar - decidira Washington - mas apenas em espaços limitados, claustrofóbicos, traçados a regra e esquadro pelos invasores – as reservas.


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Algumas tribos índias já se tinham submetido às imposições dos invasores. Definhavam tristemente nas reservas, muitas vezes à mercê da falta de escrúpulos e da ganância dos responsáveis governamentais que superintendiam nesses campos.
Outros grupos, porém, continuavam a resistir com obstinação. Quando o Exército progrediu para Noroeste, a sua incumbência era exactamente a de suprimir esses obstáculos incómodos, forçando os índios a recolherem às reservas que lhes haviam sido fixadas.


Nesse ano de 1876, em que os Estados Unidos se preparavam para celebrar o centésimo ano da sua independência, os serviços do Exército não tinham conseguido obter informação precisa sobre um facto de grande relevância: Sioux e Cheyenne tinham concordado em unir as suas forças para enfrentarem juntos a ameaça.
O ponto de encontro situava-se nas margens de uma modesta corrente de água, o rio Little Bighorn – afluente do Bighorn, por sua vez afluente do Yellowstone, o qual vai por seu turno desaguar no grande rio Missouri.


 
Numa aldeia erguida ao longo das margens do rio, a concentração atingiu um efectivo de milhares de pessoas, entre homens, mulheres e crianças.
Admite-se que tenham estado presentes, no dia decisivo, para cima de 3000 guerreiros, o que deu aos resistentes uma superioridade numérica estimada em cinco para um.
Viam-se pessoas das mais diversas tribos – oglalas, hunkpapas, brulés, sans arcs, miniconjoux, etc.

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As forças de George Armstrong Custer – cerca de 600 homens – constituíam o famoso 7.º Regimento de Cavalaria do Exército dos Estados Unidos. As tropas receberam ordens para avançar na direcção das montanhas sagradas dos índios, as Black Hills, perto do Little Bighorn, onde recentemente se descobrira ouro.
O 7.º de Cavalaria era apenas uma das três colunas que, separadamente, e a larga distância umas das outras, convergiam para o objectivo.

Custer, para além das batalhas travadas no decurso da Guerra Civil, possuía já farta experiência de guerra com os índios. A sua fama confirmara-se em diversos combates, e, nalguns deles, afirmou-se por uma particular dureza para com os vencidos. Nalgumas ocasiões registaram-se, mesmo, massacres – que não pouparam nem mulheres nem crianças.
.A figura de Custer não era, de facto, o mito em que a transformou a historiografia norte-americana. Mas estava igualmente distante do oficial grotesco e apatetado que surge retratado no filme Little Big Man (O Pequeno Grande Homem), onde ficou eternizada uma fabulosa interpretação de Dustin Hoffman.
Custer era realmente - numa expressão concisa - um convicto profissional da guerra e da morte.


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Nesse mês de Junho de 1876, os índios acampados junto do Little Bighorn montaram um eficiente sistema de espionagem. Dia a dia, milha a milha, a progressão do inimigo foi atentamente seguida e os pormenores de imediato comunicados aos chefes.


.Custer dispunha também de batedores índios, que procuravam incessantemente sinais da presença inimiga.

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Um dia, na última semana de Junho, os batedores do Exército trouxeram novidades. Disseram a Custer que o inimigo - Sioux, Cheyennes - estava muito perto, num grande acampamento junto da margem do rio. Mas vinham aterrorizados e afirmaram que nunca antes tinham visto uma tal concentração de adversários.
Eles aludiam à presença de milhares de guerreiros. Mais tarde, comentando entre si o que haviam observado, previram que as tropas brancas se abeiravam de um desastre.
E em breve fizeram subir aos céus, como era hábito, as suas canções de morte.


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Para além do número, os índios tinham na aldeia os seus chefes mais famosos, alguns deles peritos em tácticas de guerra. A começar por Sitting Bull (Touro Sentado), sábio e ponderado...


.... ou o célebre Crazy Horse (Cavalo Louco), destemido e exímio nas movimentações bélicas...


.... ou, ainda, Gall, um chefe hercúleo e corajoso, experimentado nas lutas contra os brancos.


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Conscientes do seu poderio, os índios alimentavam, nesse Verão de 1876, uma inabalável convicção de vitória.
Falava-se de sinais promissores, de agouros favoráveis.
Por exemplo, poucos dias antes de 25 de Junho, Sitting Bull fora visitado por uma das suas frequentes visões. Ele divisara claramente o avanço inimigo e, de repente, "observara" um campo repleto de soldados brancos sem vida.
Sitting Bull tinha acabado de antever um espantoso triunfo dos Sioux e dos Cheyennes sobre o Exército dos Estados Unidos!


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Os chefes reuniram no acampamento. É apenas provável que eles tenham comentado a extraordinária visão de Sitting Bull. Mas é certo que analisaram minuciosamente as notícias dos espiões. Sabiam de quantos soldados dispunham os invasores e a que armamento poderiam eles recorrer. E é hoje seguro que prepararam, com antecedência, diversas hipóteses tácticas de resposta às alternativas de ataque do Exército.


Major Reno
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Custer incorreu em vários erros, ou, pelos menos, cometeu algumas imprudências naquele fatídico 25 de Junho de 1876.
Ele parece ter desvalorizado as informações dos seus batedores e tudo leva a crer que tenha estimado mal o efectivo inimigo.
Acostumara-se a que os índios entrassem em pânico sempre que a cavalaria se aproximava e a que eles procurassem a salvação na fuga. Era nessas alturas que os homens do 7.º desencadeavam a acção final, aniquilando impiedosamente gente em fuga.
Por isso engendrou um plano que partia do princípio de que desta feita se passaria o mesmo.

A atitude mais prudente teria consistido em acampar, com guardas reforçadas, até que confluíssem para o local as duas colunas que completavam o dispositivo militar americano. Mas Custer decidiu investir, provavelmente ansioso por obter um triunfo retumbante antes do aniversário da Independência, com o qual pudesse suportar as suas ambições políticas (dizia-se que ele tinha como objectivo a própria Presidência dos Estados Unidos).
Cometeu então o erro de fraccionar as suas forças, repartindo os 600 homens do regimento em três corpos de ataque.
O comando de um deles foi confiado ao major Reno, que atacaria os índios pelo sul…

Capitão Benteen
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O segundo corpo foi entregue ao capitão Benteen, que atacaria também pelo sul, um pouco à direita de Reno. No seu avanço, os dois comandantes inflectiriam subitamente para manobras de flanco em relação à aldeia, atingindo-a, à direita e à esquerda, como as pontas de uma pinça mortífera. Isso deveria provocar a dispersão do inimigo e, esperava Custer, a sua fuga precipitada.

George Armstrong Custer
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Custer reservou para si o comando do terceiro corpo de ataque.
Como se pode ver no esquema abaixo, ele planeava avançar à direita de Reno e de Benteen, progredindo para norte muito mais rapidamente do que eles.
A ideia era a de inflectir repentinamente o sentido da marcha, atacando a aldeia a partir do norte para apanhar os índios que, fustigados por Reno e por Benteen, se achassem nessa altura em fuga.

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Esquema gráfico da batalha de Little Big Horn

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Nada se passou como fora projectado por Custer e o desenrolar das operações provaria a eficácia da preparação dos índios..Ao contrário do que era esperado, estes não fugiram - e o avanço do major Reno foi detido por um contingente especificamente destinado a esse fim.

O contra-ataque índio (provavelmente comandado por Gall nesta área de combate) adquiriu tais proporções que Reno se viu forçado a retirar para a direita, na direcção leste, atravessando o rio com pesadas baixas. Procurou então um local de onde pudesse resistir aos ataques do inimigo.

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Por sua vez, o capitão Benteen, na sua marcha para a aldeia, acabou repelido por guerreiros vindos do rio, talvez também pertencentes ao contingente de Gall.
Na impossibilidade de chegar sequer ao rio, e na iminência de um desastre, Benteen bateu em retirada e acabou por encontrar-se com as forças de Reno em fuga.
Admite-se que esta junção dos dois destacamentos os tenha salvado a ambos de um aniquilamento total. Reno e Benteen escaparam-se então para um morro onde se entrincheiraram, com os seus feridos, quase sem água e sob os efeitos de um calor abrasador.
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Não se conhecem exactamente todos os pormenores sobre o fim de Custer. Muito do que se julga saber resulta de relatos dos próprios índios.
À semelhança do que ocorreu com Reno e Benteen, ele tinha à sua espera uma força organizada, provavelmente chefiada por Crazy Horse, que logo nos primeiros momentos logrou deter o ataque dos soldados.
Custer terá perdido no primeiro embate a maior parte das duas centenas de homens que comandava. Procurou então resistir, com a gente que lhe sobrava, no cimo de uma pequena colina.

Perante as forças esmagadoras que defrontava, enviou um soldado com um bilhete na direcção das tropas de Benteen, ordenando-lhe que viesse em seu socorro. Está provado que Benteen recebeu a mensagem. Porém, num dos episódios mais controversos desse dia, o capitão julgou não ter condições para prestar auxílio ao seu comandante e resolveu manter-se associado a Reno, no morro, de onde ambos puderam escutar distintamente o som dos disparos do último combate de Custer.

Os peritos ainda hoje se dividem acerca da atitude de Benteen. A maioria pensa que ele cometeria um suicídio se tivesse seguido as ordens contidas na mensagem.
Custer, entretanto, estava à beira do fim. Parece que o seu derradeiro núcleo de resistência não ultrapassava as três dezenas de soldados. Sem outras defesas, alguns dos homens abatiam os cavalos e entrincheiravam-se por detrás das carcaças para daí ripostarem ao fogo inimigo.


Representação índia da batalha de Little Bighorn
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Duas Luas, um chefe índio que se juntou a Crazy Horse no ataque final a Custer, relataria mais tarde sobre esses momentos terríveis: O tiroteio era muito rápido. Alguns soldados apoiavam-se nos joelhos, outros estavam de pé. A fumaça era como uma grande nuvem cor-de-rosa. Os Sioux chegavam de todos os lados e a poeira envolvia tudo. Nós circulávamos ao redor deles girando como a água do rio ao redor da pedra. Atirávamos, cavalgávamos rápido e atirávamos de novo. Os soldados caíam e os seus cavalos caíam por cima deles.

Por fim, não restou um único militar vivo. Estava concretizada a espantosa visão de Sitting Bull. Custer tinha morrido, ingloriamente, com todos os seus homens, no topo daquela pequena colina de Montana. E tudo se desenrolara com incrível celeridade. Calcula-se que o seu último combate não durou mais do que quinze a vinte minutos.

Consumado o massacre, os índios percorreram o campo de batalha recolhendo os seus mortos (que não ultrapassaram a meia centena) e pilhando os despojos dos inimigos.
As mulheres vieram reunir-se aos guerreiros na recolha de troféus. Levaram armas, binóculos, peças de vestuário, clarins, estandartes.

Quase todos os soldados mortos foram despidos, mutilados e escalpados. Custer, curiosamente, não foi molestado dessa maneira, apresentando apenas, quando o seu cadáver foi recuperado, as duas ou três feridas que lhe ocasionaram a morte.
Ainda hoje não se consegue explicar satisfatoriamente por que motivo foi poupado.

Alguns investigadores opinam que Custer não foi escalpado porque usava o cabelo curto, como era seu hábito durante os combates (ao contrário do que geralmente se supõe e se representa nas gravuras). Mas isso não esclarece, obviamente, a razão por que não foi mutilado, tal como os companheiros de infortúnio. Outros salientam que ele não vestia como os restantes militares (envergava roupas claras, de pele de antílope) e que, por isso, os índios o terão supersticiosamente tomado como “um homem especial”, evitando tocar-lhe. Jamais se saberá ao certo.
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Entretanto, no seu morro, Reno e Benteen tiveram de suportar esporádicas investidas inimigas durante o resto desse dia e no dia seguinte. Eles temiam um ataque em massa, a que não poderiam certamente resistir.
Mas em breve chegou uma notícia miraculosa: os índios retiravam! Os seus chefes não tinham dúvidas de que a resposta dos brancos não tardaria e, previdentemente, tratavam de colocar a salvo a sua gente. Isto livrou de um trágico fim o que restava do 7.º de Cavalaria que Custer tão orgulhosamente comandara.
Tinham desaparecido em combate mais de 260 homens do Exército dos Estados Unidos, o que, à escala daqueles tempos, representava uma catástrofe.


Alguns chefes índios acabaram tragicamente, quando ocorreu a esperada resposta do Governo americano.
Crazy Horse foi aprisionado e, logo no ano seguinte, acabou abatido pelos militares, que alegaram uma tentativa de fuga.
Sitting Bull retirou para as terras do Canadá, tendo posteriormente regressado aos Estados Unidos. Exibiu-se no espectáculo de Buffalo Bill (William Frederick Cody) sobre o Oeste Selvagem, e acabaria também abatido, em 1890, após um incidente na reserva em que vivia.
Little Bighorn fora realmente o canto do cisne dos índios livres das Grandes Planícies!

Do 7.º de Cavalaria, para além das fotos cor-de-sépia e das memórias escritas e orais, ficaram as sepulturas, as lápides e os museus entre as colinas fulvas contíguas ao rio Little Bighorn. E ficou também, como um relâmpago caprichoso dos deuses da guerra, a lendária recordação da curta e ambígua carreira militar de George Armstrong Custer…


Desse 25 de Junho de 1876 ficaram as memórias míticas. Os índios, como os brancos, passaram de geração em geração as histórias dos seus heróis.

Texto ---- Torre da História Ibérica
Pinturas --- Howard Terpning
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.ELEMENTO ADICIONAL

Marcha do 7.º Regimento de Cavalaria de Custer - Garry Owen
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Ouça esta música célebre. Custer participou pessoalmente na escolha do hino do seu regimento. Muitas das suas cargas de cavalaria foram precedidas pela execução desta peça.
Aqui:

… ou, numa versão mais moderna, aqui:

… ou, ainda, com as magníficas ilustrações de History Boy, aqui: