domingo, 10 de maio de 2020

Ursula von der Leyen - Uma alemã que não parece marchar a passo de ganso...


… embora pareça haver muitos compatriotas seus a locomoverem-se desse modo garbosamente ameaçador. Lembram-se do Schäuble, o antigo e inenarrável ministro das Finanças da Alemanha? Esse era um deles: na má - mas indesmentível - tradição germânica, ia virando a Europa do avesso com a sua ainda recente e impiedosa política austeritária de ferro e fogo.

Outros saudosistas, aprendizes de feiticeiro, permanecem entrincheirados no Tribunal Constitucional alemão, regurgitando pareceres e sentenças contrárias à letra e ao espírito da legislação que sustenta juridicamente, ainda que precariamente (como se tem visto), a União Europeia (UE).

Concretamente, eles colocam em dúvida as políticas seguidas pelo Banco Central Europeu (BCE), que permitiram "apenas" salvar o Euro e, porventura, a própria UE, e marcham em rebelião aberta contra as decisões do Tribunal Europeu de Justiça.

Para eles, como para muitos outros alemães, a Europa só é estimável - e só os obriga - quando daí possa resultar lucro farto e fácil para a Grande Alemanha. É esta o maior contribuinte líquido da UE? Sem dúvida. Mas conhecem país que tenha beneficiado tanto como a Alemanha por pertencer à mesma UE?

Com a sua recente atitude, estes "artilheiros dos códigos" ameaçam semear de novo a desunião, as ruínas e a miséria nesta Europa que o seu grande país já devastou, impunemente, por duas vezes. Mas que fatal vocação a deles…

…………...

Ora a senhora Ursula Gertrud, presidente da Comissão Europeia - que é uma espécie de alemã "mitigada", pois nasceu, viveu e estudou em Bruxelas até ao princípio da sua adolescência -, veio recordar à pequena quadrilha de arrogantes juristas teutónicos três coisas basilares:

1.ª A política monetária da União é matéria da exclusiva competência da própria União Europeia;

2.ª A lei europeia tem primazia sobre as leis nacionais;

3.ª As decisões do Tribunal Europeu de Justiça vinculam todos os tribunais nacionais, incluindo os alemães.

Se a Alemanha fosse um país mais ou menos "normal", isto deveria bastar para que as coisas entrassem de novo nos eixos.
Mas não sei, não… Continuo a ver ali muita gente enfeitada com capacetes à Lord Vader, a marchar em passo de ganso e a berrar, nem que seja só em imaginação, os famosos e sinistros Sieg Heil
A ver, ou a rever, em próximos capítulos.



1 comentário:

Pedro Lima disse...

Estou absolutamente de acordo e subscrevo! Trata-se de gente muito perigosa, e a cada dia se confirmam dois enormes disparates: primeiro, o ter-se-lhes permitido sobreviver como nação independente depois dos crimes terríveis que cometeram contra a Humanidade; segundo, o ter-lhes sido facilitada e concedida a reunificação, que logo lhes devolveu o poder, a arrogância e a mania da superioridade. Têm irremediavelmente alma de destruidores, combinada com uma compulsão doentia para a autodestruição. Da Alemanha dificilmente virá coisa boa, pelo que é melhor que nos agarremos às boias de salvação...