Segundo um dos melhores biógrafos do ditador alemão (Joachim Fest), a intenção de destruir era simplesmente a expressão da sua voz mais autêntica.
Na verdade, desde o longo processo da sua caminhada para o poder absoluto na Alemanha até ao pesadelo em que mergulhou o mundo entre 1939 e 1945, a primeira opção de Hitler foi sempre a de aniquilar quem se lhe opusesse - homens ou nações.
Possuía uma necessidade compulsiva de inimigos e de enredos conflituosos. Quando não existiam, inventava-os. Polónia, França, comunistas, compatriotas portadores de deficiências físicas, ciganos, judeus, eslavos…
Por fim, quando se lhe tornaram evidentes os sinais de uma derrota inapelável, elegeu o seu próprio povo como inimigo a abater, porque o considerava fraco e incapaz de fazer face às hordas bárbaras do Leste. Esse povo - o povo alemão derrotado - deveria ser exterminado e desaparecer.
Alemanha em ruínas |
Para isso, Adolf Hitler ordenou a destruição de tudo quanto pudesse servir à sobrevivência dos alemães após o termo da guerra.
O objectivo, segundo ele, era criar um deserto de civilização. Era necessário destruir fábricas, armazéns de víveres, sistemas de canalização, caminhos-de-ferro e outros meios de transporte, linhas telefónicas, quintas, pontes - nem as obras de arte ou monumentos históricos poderiam ser poupados.
Como ele disse um dia a um dos seus mais próximos:
Se perdermos a guerra, o povo também está perdido. Não há necessidade de nos preocuparmos com as coisas de que o povo alemão precisa para a sua mais primitiva sobrevivência. Pelo contrário, é melhor destruir tudo. Porque este povo demonstrou ser o mais fraco e é ao povo mais forte do Leste que pertence exclusivamente o futuro. De qualquer modo, só os medíocres ficarão vivos depois desse combate, porque os bons cairão na luta.
Tinha tanta necessidade da guerra - da guerra pela guerra - como das drogas que lhe eram receitadas pelo médico assistente. Como se não houvesse fim à vista para os sangrentos conflitos que desencadeara.
Alguns meses antes de invadir a União Soviética - e na expectativa de uma derrota rápida de Estaline -, já ele encarregava os seus generais de lhe apresentarem planos para a invasão do Afeganistão e da Índia...
A melhor definição da natureza mais profunda de Hitler talvez tenha sido a que ele mesmo forneceu, porventura inadvertidamente, numa conversa com Ribbentrop, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros.
Corria o Outono de 1943. A sorte da guerra começara a mudar, sobretudo a partir do Inverno anterior, com a esmagadora derrota alemã na cidade de Estalinegrado. O ministro tentava convencer o ditador a aceitar uma iniciativa de paz que ele garantia poder conseguir de Moscovo.
Hitler recusou. E, encolhendo os ombros, deu ao interlocutor a seguinte e elucidativa resposta: Sabe, Ribbentrop, se fizer agora um acordo de paz com a Rússia, amanhã ataco-a outra vez. Eu sou assim...
Fonte Barmaley, designação informal do maior símbolo da batalha de Estalinegrado, na Rússia (1942-1943). O seu nome oficial é Khorovod Infantil.
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