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"(…) Há um espectro que avassala hoje a União Europeia e a afasta de um futuro de grandeza e prosperidade sustentável.
Um perigo letal que ameaça a segurança dos bens, a integridade física e a saúde mental de mais de 500 milhões de habitantes daquela que, até há pouco, foi a região mais justa e equilibrada do planeta.
Esse espectro não é constituído pelos mercados, nem sequer pelos especuladores, ao contrário do que continuam a repetir os que olham a luz forte do mundo com os óculos escuros da ideologia.
O espectro que poderá matar a Europa é a falta de espírito europeu dos seus dirigentes políticos, cada vez mais preocupados com a sua situação nacional e ignorando que a interdependência criada pela União Europeia é a alma dessa mesma "situação nacional".
Produzimos uma democracia nacional, capturada por partidos venais e alimentada pelo comodismo cívico dos cidadãos, que se transformou numa máquina de eleger gente medíocre para tomar decisões estratégicas.
Não se pode pedir a pessoas destituídas de visão que sejam atiradores de elite.
Ou a gente que só pensa na sua reeleição, como é o caso de quase todos os líderes sentados hoje em Bruxelas, que tenha um rasgo de grandeza.
A Europa tem futuro.
Ele implicará uma refundação democrática, republicana e federal da União.
Bem gostaríamos de estar enganados, contudo, tudo indica que esse caminho terá de ser percorrido através dos escombros de um vendaval, que sucessivas cimeiras têm ajudado a tornar inevitável." (*))
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(*) Viriato Soromenho-Marques - A Europa tem futuro - Diário de Notícias - Portugal - 20Out2011
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