sexta-feira, 31 de outubro de 2008

(América Profunda) - O "Marxista"



"Uma jornalista perguntou a Joe Biden: "Obama é marxista?"
Velha raposa, Biden fez-se admirado: "Está a brincar?"
A jornalista não estava: "Você deve reconhecer esta famosa citação 'de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades', é de Karl Marx; como é que Obama não está a ser um marxista se ele quer espalhar a riqueza pelo povo?..."

De facto, Obama usara a expressão na já famosa conversa com Joe, O Canalizador, para justificar os impostos.
Isso tem servido para a campanha de McCain criticar o adversário, mas ninguém ainda tirara a conclusão completa, como agora a tal jornalista.
Se Obama quer espalhar a riqueza não pode ser senão um marxista encapotado.

A jornalista americana não chamou "Leão XIII" a Obama talvez só por caridade.
Até na América, a liberdade de informação tem limites e ela não podia comparar o candidato democrata ao perigosíssimo Papa que, pouco antes de Lenine, em 1891, escreveu a encíclica Rerum Novarum e pediu (resumo) que se espalhasse a riqueza (...) (*)

(*) - Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, Lisboa, 28 de Outubro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Caminhos de Viana do Castelo, Portugal - Vistas de Santa Luzia



























Cantiga de Amor (Pêro da Ponte - Séc. XIII)


Se eu pudesse desamar
A quen sempre desamou,
E pudesse algum mal buscar
A quen sempre mal buscou!
Assim me vingaria eu,
Se eu pudesse coita dar (1)
A quen sempre me coita deu.

Mas sol (2) non poss'eu enganar
Meu coraçon, que m'enganou,
Por quanto me fez desejar
A quen me nunca desejou.
E por esto non dórmio eu, (3)
Porque non posso coita dar
A quen me sempre coita deu.



(1) - Causar sofrimento
(2) - Somente
(3) - E por isto não durmo eu

domingo, 19 de outubro de 2008

Pombal - Igreja de N.ª Sr.ª do Cardal


































































Pombal, amável e acolhedora cidadezinha portuguesa, da Beira Litoral.
A igreja de N.ª Sr.ª do Cardal, que aqui se apresenta, situa-se no coração da parte mais antiga da urbe, contígua ao frondoso Jardim do Cardal. Acham-se defronte várias esplanadas e cafés (pródigos em doçarias finas, para quem goste) e uma praça de táxis. A escassa distância das traseiras do templo encontra-se a estação ferroviária.
Para aqui veio desterrado, no termo da sua carreira, o poderoso 1.º ministro do rei D. José, o célebre Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo). Tal aconteceu já no reinado de D. Maria I, e em Pombal findaria o Marquês os seus dias, no Verão de 1782. O seu túmulo esteve até 1857 nesta igreja, tendo sido depois trasladado para Lisboa. Vê-se, acima, no interior da igreja, uma lápide alusiva ao facto.

(Com excepção da 2.ª, da 6.ª e da última - que pertencem a Joel S.- as fotos são de Dias dos Reis).

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ilda Coelho - Recordações de África...

Cores do Sol








A Prometida









As Duas Irmãs









Espreitando o Dia








Espinheiras








Celebração








O Costureiro







Imbondeiro







Senhora dos Espíritos







Solitário

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Onde estão os neoliberais? (*)

"Onde estão os neoliberais, que ninguém os ouve?
Há meses reclamavam, sem cessar, "menos Estado", mais privatizações.
Nada de constrangimentos, de regras éticas, nem de serviços públicos.
O importante era "reduzir os impostos", "deixar o mercado funcionar", quanto menos intervenções públicas, melhor.
A "auto-regulação do mercado", dirigida pela "mão invisível", era bastante, o ideal.
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Privatizar os serviços de saúde (uma invenção socialista),
a segurança social,
as águas,
os cemitérios,
os correios,
os transportes;
pôr gestores privados a gerir os parques nacionais,
privatizar as pousadas,
recorrer a "seguranças privados", mesmo em estado de guerra, como no Iraque;
privatizar, privatizar...
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Os políticos - e a política - que não alinhassem passaram a ser uma praga, uma arqueologia, vinda de outros tempos, o bom mesmo eram os negócios, quanto mais melhor, a especulação - os políticos nos negócios e os negócios na política - os paraísos fiscais, ganhar dinheiro, a qualquer custo o dinheiro como o supremo valor das sociedades ditas livres e o mercado, "teologizado", como o Deus ex maquina do progresso.
As regras para o funcionamento do mercado eram velharias obsoletas.
A própria "democracia dita liberal" escorregou, a pouco e pouco, para a plutocracia.
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E a pobreza? Os pobres? Os operários, os camponeses, os empregados, as próprias antigamente chamadas classes médias?
Deixados entregues à sua sorte, sujeitos à regra da selecção natural, a chamada lei da selva, em que os mais fortes (os ricos) devoram naturalmente os mais fracos (os pobres)...
Quando muito, as almas sensíveis, que não compreendiam o "espírito do tempo", tinham a caridade, um recurso que não prejudicava o sistema e fazia bem às almas...
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Assim, o capitalismo americano, na sua fase financeira-especulativa, guiado pela ideologia neoliberal, fortalecida com o colapso do comunismo, influenciou fortemente the way of life americano, a ponto de conduzir a América do Norte às portas do descalabro financeiro e da recessão económica (Bush dixit).
Tendo, ao mesmo tempo, efeitos muito negativos na Europa, inclusivamente na esquerda, chamada "terceira via" de Blair e dos seus adeptos...
E começa a contaminar todo o mundo.
Os maiores bancos e seguradoras - coisa nunca vista, desde 1929 - entraram em falência técnica, devido, em parte, à avidez dos subprime (...), ameaçando engolir no descalabro as economias dos que neles confiaram.
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Resultado: o recurso ao Estado (que heresia para os neoliberais!), como no caso das catástrofes naturais, como o Katrina, por exemplo.
Quem paga?
O Estado, quando os privados fogem e assobiam para o lado...
Assim surgiu o plano Paulson, feito e refeito, sob a égide de Bush - que aceitou tudo - para salvar o sistema.
Mas será que o plano, mobilizando 700 mil milhões de dólares, vai resolver alguma coisa? Ou tenta apenas salvar o sistema, nesta situação única de aperto?
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Ora o que está podre, a agonizar, é justamente o capitalismo, na sua fase financeira e especulativa.
É isso que se impõe mudar,
regularizando a globalização,
acabando com os paraísos fiscais, fonte das maiores especulações,
introduzindo regras éticas estritas,
preocupações sociais e ambientais
e, como disse o "extremista" Sarkozy, no seu discurso de Toulon, "metendo na cadeia os grandes responsáveis das falências fraudulentas".
Haverá coragem para o fazer e modificar profundamente o sistema?
Eis o que não está ainda nada claro, quer na América quer na Europa (...)"
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(*) - (Mário Soares, ex-Presidente da República e ex-Primeiro Ministro de Portugal - Diário de Notícias, Lisboa, 7 de Outubro de 2008).