quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Cabul, Afeganistão - Como se vai (re)criando o inferno islâmico das mulheres...

 


"Depois de quase duas décadas em que qualquer pessoa podia frequentar os seus cursos, a Universidade de Cabul volta agora a proibir mulheres de estudar.

O novo reitor escolhido pelo governo dos talibãs, Mohammad Ashraf Ghairat, disse na segunda-feira que as mulheres terão de esperar até que seja criado um “novo ambiente islâmico” antes de poderem voltar a estudar:

“Dou-vos a minha palavra: enquanto não existir um ambiente islâmico para todos, as mulheres não poderão estudar nem trabalhar. Primeiro o Islão”, disse o recém-empossado responsável, que tem sido alvo de críticas por não reunir a formação necessária para gerir uma instituição do ensino superior.

Tempos de outrora...


Numa entrevista à CNN, Mahbouba Seraj, diretora-executiva da Rede de Apoio a Mulheres do Afeganistão, explicou que, para uma mulher que viva no país neste momento, não há uma liberdade mais em risco do que outra, tudo está em risco neste momento.

“O problema não é um, é tudo, tudo está em disputa. Estamos a enfrentar uma situação em que somos detestadas pelo grupo que governa o país, eles nem sequer olham para nós, se fizermos uma pergunta eles viram-se para o homem para responder”.


Tempos mais recentes (espancamento público de mulheres)...


E a violência que eles já demonstraram ser capazes de usar contra as pessoas, principalmente as mulheres, que decidiram ir para a rua em protesto? “O que é que vão fazer? Matar toda a gente? É isso que querem fazer no Afeganistão?”.

As mulheres têm esconderijos e passam os dias a apagar das redes sociais as suas fotografias, as suas publicações em inglês, as suas opiniões dissonantes com a ideologia talibã.

Se os novos responsáveis das instituições de ensino tiverem todos a opinião do novo reitor da Universidade de Cabul, vai ser difícil falar em “educação” das mulheres."


(Extractos de um artigo de Ana França no jornal Expresso – 28-Set-2021)
(Ilustraçãoes da responsabilidade da Torre)

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