Devido à aliança com a Inglaterra que Portugal se obstinava em respeitar (ainda que recorrendo a diversos subterfúgios), Napoleão decidiu ordenar aos seus exércitos que invadissem o território lusitano.
Fê-lo em três ocasiões, e foi sucessivamente repelido ao fim de períodos mais ou menos longos: a primeira invasão, comandada em 1807 pelo general Junot, levou à fuga da família real portuguesa para o Brasil, o que acabaria por precipitar as condições propícias à declaração de independência do grande país sul-americano (ver aqui).
A segunda invasão, conduzida pelo marechal Soult, ocorreu em 1809; a derradeira aconteceria em 1810 e seria encabeçada pelo marechal Massena.
Foi exactamente durante a segunda invasão que se deu o trágico episódio que hoje evocamos. Soult, que se encontrava na Galiza com 24 000 homens, recebeu ordens de Napoleão para entrar em Portugal pela fronteira norte, atravessando o rio Minho. Daí deveria partir à conquista da cidade do Porto, capital do Norte português, e, logo a seguir, apontaria à conquista de Lisboa, seu principal objectivo.
Depois de passar por Braga e Guimarães, as vanguardas francesas atingiram os arredores do Porto no dia 27 de Março de 1809. A cidade contava com cerca de 20 000 homens para a defesa (entre tropas de linha, milicianos e ordenanças) e erguera um conjunto de redutos precários ao longo de um grande arco defensivo compreendido entre o Castelo do Queijo e a Quinta do Freixo.
O marechal Soult efectuou um reconhecimento às defesas da cidade e verificou imediatamente a sua debilidade. Ainda enviou uma carta ao comando português (confiado a um bispo, membro da Junta Governativa!) intimando-o a render-se, mas a conciliação não foi possível.
Então, no dia 29 de Março, o marechal francês ordenou o ataque à cidade, com várias investidas em pontos diferentes. A resistência durou pouco. O bispo-comandante (!) fugiu do Porto para Gaia, na margem oposta, e terá dado ordem para se levantarem os alçapões da ponte das barcas para impedir, ou pelo menos dificultar, a passagem das tropas napoleónicas.
Então, no dia 29 de Março, o marechal francês ordenou o ataque à cidade, com várias investidas em pontos diferentes. A resistência durou pouco. O bispo-comandante (!) fugiu do Porto para Gaia, na margem oposta, e terá dado ordem para se levantarem os alçapões da ponte das barcas para impedir, ou pelo menos dificultar, a passagem das tropas napoleónicas.
Entretanto, uma parte considerável da população portuense, indefesa perante bandos de soldados franceses que cometiam toda a espécie de violências nas ruas da cidade, tentou fugir para a outra margem do Douro, ou seja, para Vila Nova de Gaia, atravessando a ponte das barcas. Foi então que aconteceu a tragédia, com a perda de milhares de vidas.
Várias razões terão contribuído para tal mortandade: em primeiro lugar, o levantamento súbito dos alçapões da ponte terá precipitado a queda de muitos no rio, empurrados pelos que, em pânico, corriam imediatamente atrás; depois, parece que certos lanços da ponte ruíram sob o peso da mole humana em fuga; em terceiro lugar, a acção das tropas invasoras, que perseguia e fazia fogo sobre os fugitivos, ocasionou um número indeterminado de vítimas; por fim, muitos terão sido atingidos pela própria artilharia portuguesa, que, postada na serra do Pilar (do lado de Vila Nova de Gaia), abriu fogo para tentar deter os Franceses.
Como resultado, uma carnificina horrorosa: terão perecido cerca de 4 000 pessoas naquele fatídico dia 29 de Março de 1809.
Cidade do Porto: placa comemorativa colocada junto ao local da tragédia, na margem do rio Douro.
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