Declamador: João Villaret
No plaino abandonado
que a morna brisa aquece,
de balas trespassado
- duas, de lado a lado-,
jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
alvo, louro, exangue,
fita com olhar langue
e cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
a cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
e boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
ponta a roçar o solo,
a brancura embainhada
de um lenço… deu-lho a criada
velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
o menino da sua mãe.
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Canta: João Braga
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