"No dia 1 de Julho [de 2009], aos 97 anos, morreu Karl Malden.
Ele pertence àquela legião de actores secundários que talvez seja a primeira razão para o cinema americano ser grande.
Ganhou um Óscar em Um Eléctrico Chamado Desejo e foi o padre em Há Lodo no Cais...
Mas trago-o para esta crónica por uma história mais ou menos ao lado do ecrã.
Karl Malden foi baptizado Mladen Sekulovich - era filho de um operário sérvio, imigrante em Chicago.
Quando se tornou actor, mudou de nome. Do próprio, ligeiramente transformado, fez o apelido, Malden, e aboliu, claro, o impronunciável Sekulovich.
Os actores perseguem a fama e não lhes serve um nome que atrapalhe.
Porém, o seu pai, o imigrante sérvio, viu na mudança um desdém pela família...
Quando se tornou famoso, Karl Malden quis pagar essa dívida ao pai.
Nos contratos, obrigava a que, algures, mesmo a despropósito, o nome "Sekulovich" fosse dito.
Em Patton, era um soldado, em O Homem de Alcatraz, era um preso, em Há Lodo no Cais, era um sindicalista...
Nos filmes de Karl Malden houve sempre um Sekulovich.
Conheço poucos arrependimentos tão belos." (*)
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(1) Da trilha sonora do filme Patton:
(2) Karl Malden e Steve McQueen
no filme Nevada Smith:
(*) - Texto de Ferreira Fernandes - O actor que pagou a dívida - in Diário de Notícias – 4 de Julho de 2009 – Lisboa - Portugal
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