domingo, 28 de junho de 2009

A Europa - Sempre os mesmos...


"(...) Aliás, "aquela" Europa, desconhecida pela esmagadora maioria dos europeus, está condenada a uma vacuidade.
A fragmentação da União não é, somente, de características ideológicas.
Trata-se de uma acentuada carência de convicções, não prevista pelos chamados "pais fundadores", que fundaram, feitas as contas, um saco de gatos - para não dizer um saco de escorpiões.

Nada sabemos uns dos outros.
Olhamo-nos com desconfiança. E com um misto de inveja e de despeito em relação a países mais desenvolvidos.
Mas a ignorância não é, exclusivamente, portuguesa.
Creio, inclusive, que numerosos dirigentes europeus pouco ou nada conhecem das específicas realidades nacionais.

Pensava-se que o problema dos pobres seria resolvido por uma Europa cheia de solidariedade, de atenções para com os mais débeis, de compaixão por todos os desfavorecidos.
Mentira.
A Europa que aí está favorece os mais ricos, os mais fortes e os mais poderosos, atirando, negligentemente, umas migalhas, e organizando-se para se defender de qualquer pretexto que não seja esse.

A Europa Social é um mito, uma mentira, e uma aldrabice programada, porque as classes mandantes sabiam muito bem o que estavam a fazer.
Foi-nos inculcada a ideia de que seríamos muito felizes, porque seríamos todos iguais.
Nenhuma nação suplantaria as outras.
As decisões seriam irmãmente tomadas, entre sorrisos e reverências amigáveis.
Claro que só a exposição desta ideia mirífica era um absurdo.

A União Europeia, no seu bojo, pretendia, unicamente e talvez exclusivamente, ser uma união económica, comandada pelos países mais desenvolvidos.
Os Estados Unidos nem sequer se perturbaram, eles, em princípio os mais directamente ameaçados por essa hipotética hegemonia. Baralharam, deram as cartas, o sistema ficou na mesma.

Não é bem assim.
Ficou melhor para os mais ricos.
As desigualdades entre as nações não têm sido seriamente discutidas por ser um assunto desinteressante para o eixo económico que, realmente, manda, decide e resolve.

O Parlamento Europeu serve para quê?
É a reprodução dos parlamentos conhecidos.
Há maiorias e minorias. Estas estarão sempre sob o jugo das primeiras." (*)

(*) – Baptista-Bastos – Jornal de Negócios – Lisboa - Portugal - 15 de Maio de 2009.

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