“Para a região vermelha e parte da região cinzenta de Oklahoma, as últimas chuvas caíram suavemente, sem penetrarem fundo na terra escalavrada.
Os arados cruzaram e recruzaram os campos molhados. As últimas chuvas deram um avanço rápido ao milho e espalharam à beira das estradas moitas de ervas daninhas e de relva, de modo que a região vermelha e a região cinzenta começaram a desaparecer sob um tapete verde.
Nos últimos dias de Maio, o céu tornou-se pálido, e as nuvens, que tinham pairado em altos flocos por tanto tempo, durante a Primavera, dissiparam-se. O Sol faiscava sobre o milho em crescimento dia após dia, até que, ao longo do gume de cada baioneta verde, se estendeu uma linha acastanhada. (…)
(…) Chegou Junho. O Sol queimava mais incisivamente. A linha acastanhada das folhas do milho alargava-se, deslocando-se para o centro. As ervas daninhas tombavam enlanguescidas. O ar era transparente, e o céu estava mais pálido, e, de dia para dia, a terra perdia cor.
Nas estradas, onde o gado transitava e onde as rodas dos carros moíam o chão e as patas dos cavalos calcavam a terra, rompia-se a crosta de lama e formava-se a poeira.
Tudo o que se movia lançava a poeira no ar; um viandante levantava uma camada, que lhe chegava à cintura, uma carroça fazia-a subir até aos taipais e um automóvel deixava uma nuvem atrás de si. E só muito tempo depois a poeira acabava por assentar.
Em meados de Junho, apareceram dos lados do Texas e do Golfo nuvens muito densas, carregadas de chuva. Os homens, nos campos, olhavam para as nuvens, fungavam e estendiam os dedos húmidos, a ver de onde soprava o vento. (…)”
(As Vinhas da Ira - John Steinbeck - Editado por Livros do Brasil, Lisboa, Portugal, 1963)
Filme: The Grapes of Wrath
I - Da trilha sonora
(Red River Valley)
II - Cena final
John Steinbeck (1902-1968) (Saiba mais sobre ele - aqui) |
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