domingo, 5 de abril de 2009

A Torre e os juízos definitivos...


"Conheci-a era ela uma jovem octogenária, em 1969. Esta semana, a Torre Eiffel fez 120 anos, o que me envelhece mais do que a ela.
Sem saber que seria durante cinco anos a minha paisagem constante, saído da Gare Saint-Lazare corri a vê-la. Fascinado. Então, já tinha passado o tempo que lhe deu aquela patine com a qual o que tem de ser acaba por se impor.

Mas quando ela era novidade, os artistas desprezavam-na.
Guy de Maupassant, Alexandre Dumas Filho e Charles Gounod acusavam-na de desfigurar Paris e fizeram abaixo-assinados de protesto.
Maupassant costumava almoçar no restaurante do primeiro andar mas explicava-se assim: "É o único lugar de Paris em que a vista não é estragada pela Torre Eiffel."

Construída como homenagem efémera ao primeiro centenário da Revolução Francesa, ela esteve quase a ser demolida em 1909.
Só não foi por uma razão prosaica: era necessária como antena.
Décadas depois tornou-se ícone para outros artistas (Chagall, Dufy...).

Agora, a Torre Eiffel é o que é - e mais isto: uma lição de prudência contra juízos definitivos." (*)

(*) - Ferreira Fernandes - Felizmente ela ainda lá está, não é? - Diário de Notícias - Lisboa - Portugal - 2 de Abril de 2009.

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