quarta-feira, 31 de maio de 2023

O Grande Folclore do Brasil - "Ai que saudade daqueles cateretê..."


 

O cateretê (ou catira) foi uma das danças, referidas por Lysia Condé numa postagem anterior, que tanta indignação causaram outrora à alta sociedade do Rio de Janeiro e, particularmente, ao grande Ruy Barbosa.

Nessa postagem, Lysia cantava magistralmente um maxixe, o Corta-Jaca (recorde aqui).

Hoje, no vídeo abaixo, apresentamos Inezita Barroso interpretando um  magnífico cateretê.

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“O cateretê é uma dança e um ritmo típico paulista muito antigo, conhecida em vários estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. E recebe vários nomes: catira, xiba ou chiba na cultura caiçara, dependendo da região, sendo sub-gênero do fandango.

Alguns estudos mostram que o cateretê tem sua origem na influência indígena, sendo originalmente de caráter religioso, e foi aproveitado pelo fundador da capital de São Paulo, o padre José de Anchieta na catequese dos índios. 

O padre, bem esperto, traduziu para o tupi alguns textos católicos para que os índios cantassem enquanto dançavam. Tal ritmo popularizou-se entre os bandeirantes paulistas, e posteriormente entre os tropeiros, sendo levado e popularizado em diversos estados que pertenciam ao território da Paulistânia.

A dança varia em cada região, mas geralmente é assim: em duas fileiras, acompanhada por palmas e sapateados no ritmo da música, formando um bonito conjunto. As melodias são cantadas pelos violeiros.

Em alguns estados, apenas os homens fazem a coreografia. Tal tradição pode ser explicada pelo fato de só existirem homens nos desbravamentos de bandeirantes e tropeiros.” (*)

Inezita Barroso - Cateretê:


Letra:

Cateretê, cateretê
Cateretê que eu gostava de dançá
No terreiro da fazenda quando tinha um luá
Cateretê, cateretê
Cateretê que eu gostava de dançá
No terreiro da fazenda quando tinha um luá
Ê ê, ê ê, não tenho medo de onça
Nem da cobra cascavé
Nem garrucha de dois cano
Na mão de uma muié
De Pirapora chegava a caboclada
Fervia o cateretê inté o raiá da madrugada
Anssim dizia um caboclo, eu sou lá de Monte Mor
Com a viola num desafio, minha gente
Eu sempre levo a mió
Ai que saudade daqueles cateretê
Dançado em noite de Lua no sítio do Perequê
Saudade faz má pra gente, faz um caboclo sofrê
Mas quem não sentir saudade, minha gente
Não vale a pena vivê
Lai, lai, lai, rai, lai, lai, lai, lai, lai, rai
Saudade faz má pra gente, faz um caboclo sofrê
Mas quem não sentir saudade, minha gente
Não vale a pena vivê
Ando roxa de saudade dançá um cateretê
Em noite de Lua cheia no sítio do Perequê
Ando roxa de saudade dançá um cateretê
Em noite de Lua cheia no sítio do Perequê
(*) (Fonte: Bandeirante Paulista - aqui)

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