Não choro, que não quero
manchar de pranto
um sudário de força combativa.
Reteso a dor,
e canto a tua morte viva.
e canto a tua morte viva.
A tua morte morta
pelo próprio terror em que ficaram
à sua frente
aqueles que te mataram
sem poderem matar o combatente.
O combatente eterno que ficaste
ressuscitado na voluntária crucificação.
Herói a conquistar o inconquistado,
já sem armas na mão.
Quem te abateu
perdeu a guerra santa da liberdade.
perdeu a guerra santa da liberdade.
Fez brilhar na manhã do mundo inteiro
um sol de redentora claridade:
o teu rosto de Cristo guerrilheiro.
(Miguel Torga - Coimbra, 11 de Outubro de 1967 - in Poesia Completa - Vol. II - Publicações Dom Quixote - Lisboa - 2007)
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