quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O assassínio da família imperial da Rússia pelos bolcheviques de Lenine (17 de Julho de 1918) - (8.ª e última parte)

 Galeria final de fotos (II)

Os cinco irmão assassinados na "Casa Ipatiev".
(Da esq. para a dir.: Tatiana, Anastasia, Alexei, Maria e Olga)







Olga e Tatiana em uniformes militares.







Alexei e Nicolau II, também uniformizados.







A czarina Alexandra com as suas quatro filhas.
(Da esq. para a dir.: Olga, Tatiana, Anastasia e Maria)








Alexei e o pai em uniformes cossacos.







Olga e Tatiana.








Nicolau II e Alexei.








As quatro irmãs. Sentada: Tatiana.
 De pé, da esq. para a dir.: Maria, Anastasia e Olga.







Ainda as quatro filhas de Nicolau II e Alexandra.
De pé, da esq. para a dir.: Maria, Olga e Tatiana. Sentada: Anastasia.







Olga, a mais velha.








Alexei e o pai.








Paragem numa viagem de comboio (Maria, Olga e Tatiana).








Nicolau II e Alexei na Marinha.







Maria, Anastasia e Olga.







Nicolau II e Alexei, a sucessão que não aconteceu.

Transcrição do texto introdutório da 1.ª Parte:

"A matança destas 11 pessoas (ver aqui), levada a cabo às primeiras horas da madrugada de 17 de Julho de 1918 na localidade russa de Ecaterimburgo, nos Urais, ficou a constituir para sempre uma das mais hediondas façanhas praticadas por qualquer força política em qualquer tempo. O crime choca e repugna ainda hoje pelo calculismo maquiavélico e pela brutal crueldade com que foi executado.

Independentemente das crenças e simpatias de cada um, não existe possibilidade honesta de defender ou compreender, seja em nome de que ideologia ou causa for, o assassínio a frio de uma criança doente e sofredora, de algumas jovens mulheres mal saídas da adolescência e dos quatro acompanhantes cuja única culpa foi a de se acharem na sinistra casa de Ipatiev e de estarem ao serviço dos Romanov cativos dos bolcheviques (mais tarde rebaptizados de comunistas).

Apesar da inescrupulosa ferocidade que distinguia a brigada assassina comandada por um homem da Cheka, Yakov Yurovski, o episódio reflecte, como um espelho trágico, a crueldade intrínseca de Lenine, chefe do Partido Bolchevique e presidente do Sovnarkom. Na verdade, a matança exemplifica a maneira de ser e de sentir do líder e aquilo que ele pensava constituir a forma mais adequada de agir em circunstâncias como aquela.

Demonstrou-o em diversas ocasiões, como, por exemplo, no posterior assassínio de um irmão do czar, Mikhail Romanov, ou na liquidação de outros membros da família Romanov mais alargada - e dos seus servos -, tudo levado a cabo em condições igualmente horrorosas, que Lenine aplaudiu com júbilo.

E não deixam dúvidas os telegramas furiosos que ele expedia para os carrascos, censurando-os por não terem actuado com “o máximo de crueldade” e incentivando-os a não se ficarem por “meias-medidas”.

Todavia, Lenine e os seus mais próximos perceberam que o assassínio da família imperial e dos seus acompanhantes, exactamente pelas condições em que ocorreu, encerrava o perigo potencial de virar contra os bolcheviques uma parte significativa da opinião pública. Se havia muitos que não chorariam por aí além o desaparecimento do czar Nicolau – e talvez ainda menos o da czarina Alexandra -, o mesmo não se poderia dizer dos restantes nove, irrefutavelmente inocentes.

Por isso se ergueu celeremente uma cortina de silêncios, omissões, deturpações, calúnias, mentiras e pistas falsas.

Começou-se por negar o acontecido. Mais tarde, admitiu-se a morte do czar, e só a dele: o resto da família teria sido conduzida para sítio seguro. E quando a realidade da matança total não pôde mais ser ocultada, atribuiu-se a iniciativa exclusiva do crime ao poder local em Ecaterimburgo, ou seja, ao Comité Executivo do Soviete Regional dos Urais.

Esta foi uma mentira que perdurou durante décadas, sustentada pelas autoridades soviéticas e alimentada, ainda na actualidade, por uma legião de admiradores de Lenine. O que só prova, no fundo, que também eles consideraram e consideram que a chacina foi monstruosamente inaceitável: havia por isso que retirar o líder bolchevique da cena sanguinária.

Hoje, face a diversos elementos e testemunhos entretanto surgidos, sabe-se a verdade. Lenine não só sabia como autorizou os tiros e as punhaladas da madrugada fatal.

É certo que ainda não apareceu nenhum papel, com a sua assinatura, ordenando a execução. Mas se fosse esse o único critério para apurar a verdade do caso, concluiríamos sem remissão que Adolfo Hitler não teve nenhuma culpa da morte de milhões de judeus."

Deus Salve o Czar (Tsar)

(Hino nacional da Rússia de 1833 a 1917):


Ver as 7 partes anteriores:

1.ª Parte - Identificação das Vítimas (aqui)
2.ª Parte - A Revolução e a Queda da Monarquia (aqui)
3.ª Parte - Cativeiro em Tsarskoe Selo (aqui)
4.ª Parte - Cativeiro em Tobolsk (aqui)
5.ª Parte - Cativeiro em Ecaterimburgo e Assassínio (aqui)
6.ª Parte - Reabilitação da Família e Funerais (aqui)
7.ª Parte - Galeria Final de Fotos - I (aqui)


SUGESTÕES DE LEITURA:


ROBERT SERVICE – O Último dos Czares (Nicolau II e a Revolução Russa)

JOEL CARMICHAEL – História Resumida da Revolução Russa

JOHN REED – Dez Dias Que Abalaram o Mundo

SIMON SEBAG MONTEFIORE – O Jovem Estaline

ADAM B. ULAM – Os Bolcheviques

(Fim)

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