sexta-feira, 13 de novembro de 2020

A última carta de Maria Antonieta, rainha da França, escrita na prisão (1793) - 1.ª Parte

 

Maria Antonieta (1755-1793)

Maria Antonieta, arquiduquesa da Áustria, foi filha de Francisco I, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, e da esposa deste, Maria Teresa.

Aos 14 anos de idade casou com o delfim de França, Luís Augusto (futuro Luís XVI), e com este subiu ao trono do reino gaulês em 1774 (após a morte de Luís XV, avô do novo monarca). O pai de Luís XVI, Luís Fernando, nunca chegou a reinar, pois faleceu em 1765.

A revolução francesa (1789 - ver aqui) reservou ao casal um destino trágico e brutal. Após um período de prisão e de humilhações, Luís XVI foi guilhotinado em 21 de Janeiro de 1793.

Maria Antonieta sobreviveria alguns meses ao marido. Depois de um julgamento que foi uma farsa, no qual se confrontou com tortuosas difamações e foi alvo de falsas acusações - que nem sequer respeitaram a sua vida íntima -, sofreu destino idêntico ao do marido, sendo executada na guilhotina em 16 de Outubro daquele mesmo ano de 1793. Contava 37 anos.


Luís XVI (1754-1793)


O casal teve quatro filhos, dos quais apenas Maria Teresa sobreviveu até à vida adulta, tendo falecido em 1851, com 72 anos.

Luís José (1781-1789), Maria Sofia (1786-1787) e Luís Carlos (1785-1795) faleceram todos na infância. Este último, que, sem a revolução, teria sido o rei Luís XVII de França, foi separado da mãe na prisão mas continuou enclausurado. Após um resto de vida de maus tratos, acabou por morrer no cárcere em 1795.

Na sua última madrugada na prisão, escassas horas antes de ser conduzida pelas ruas de Paris até à guilhotina, Maria Antonieta rogou que lhe facultassem papel e tinta para escrever as derradeiras linhas. Dirigiu-as à sua cunhada Isabel, irmã do malogrado Luís XVI.


Isabel (1764-1794).
Cunhada de Maria Antonieta, a quem esta dirigiu a carta.


O historiador austríaco Stefan Zweig pronunciou-se sobre as dramáticas palavras da rainha :

"Nunca Maria Antonieta resumiu os seus pensamentos com tanta força como nesse adeus a Madame Isabel, agora única protectora dos seus filhos. As frases quase viris dessa mensagem, escrita sobre uma miserável mesita da prisão, são mais firmes do que todas as cartas que saíam da secretária doirada do Trianon; a linguagem é mais pura, o sentimento mais directo; é como se a tempestade interior desencadeada pela morte rompesse todas as nuvens ameaçadoras que, durante tanto tempo e de maneira tão fatal, tinham ocultado, a essa mulher trágica, a compreensão da sua própria verdade".

A última carta de Maria Antonieta, que ela entregou ao carcereiro Bault, andou perdida durante cerca de 20 anos. Madame Isabel, a quem fora dirigida, nunca lhe pôs a vista em cima e acabou também executada no ano seguinte, aos 30 anos. A Igreja Católica considerá-la-ia Mártir e Serva de Deus.

A triste despedida da rainha só veria a luz do dia quando a monarquia foi restaurada em França, em 1814. Só então chegou às mãos do novo monarca, Luís XVIII, irmão e sucessor de Luís XVI...


À direita, mais crescido, o futuro Luís XVI. À esquerda está o seu irmão e sucessor quando a monarquia for restaurada em 1814 (Luís XVIII). O pequeno Luís XVII, filho de Maria Antonieta e de Luís XVI, não chegou, obviamente, a subir ao trono, tendo morrido na prisão.



Nota: A carta de Maria Antonieta será publicada amanhã, 14 de Novembro.

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