quinta-feira, 16 de julho de 2020

José Garcês, um dos mágicos da banda desenhada portuguesa (1928-2020)



A poucos dias de completar 92 anos de idade, faleceu ontem José dos Santos Garcês, um dos patriarcas da banda desenhada portuguesa. Nasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1928.

Numa carreira longa, de quase setenta anos, encantou - com outros inesquecíveis artistas, como Fernando Bento, Eduardo Teixeira Coelho, José Ruy, Jayme Cortez e Vítor Péon - sucessivas gerações de jovens (e menos jovens) portugueses.
Seduzia, sobretudo, pela precisão e detalhe do seu traço, que aqui e ali faz lembrar o de Hal Foster, criador de Príncipe Valente.

As suas histórias tiveram muitas vezes por base os eventos ou as figuras mais notáveis da História de Portugal, a par de grandes obras literárias nacionais (servindo de exemplo A Dama Pé-de-Cabra, de Alexandre Herculano - porventura a sua obra-prima - e Eurico, o Presbítero, do mesmo autor).

José Garcês frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, e concluiu o curso de Artes Gráficas em 1946.
Foi nesse mesmo ano que se estreou como autor de banda desenhada ("quadrinhos", no Brasil), publicando O Inferno Verde na revista O Mosquito.

Colaborou depois com numerosas publicações, como O Papagaio, Camarada, FagulhaJoaninhaCavaleiro AndanteMundo de AventurasTitã, O Falcão, Tintin, etc.

Esta não foi, no entanto, uma ocupação a tempo inteiro. Com efeito, José Garcês trabalhou simultaneamente, durante quarenta anos, no antigo Serviço Nacional de Meteorologia, onde desenhava as cartas de previsão meteorológica e chegou à chefia do departamento de desenho.

Nas sete décadas da sua actividade como prolífico autor de BD, José Garcês prestou, sem qualquer dúvida, um inestimável serviço público ao País, pontificando como talentoso e notável difusor da cultura lusíada.

Por isso, e muito para além da modesta homenagem que aqui lhe prestamos, ele é amplamente merecedor de um sentido agradecimento dos seus compatriotas ou, pelo menos, de todos aqueles que tiveram a oportunidade, a sorte e o enorme proveito de aceder à sua obra.










































































José Garcês (1928-2020)



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