Vi as águas, os cabos, vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais.
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri.
(Sophia de Mello Breyner Andresen - Poetisa portuguesa (1919-2004) (in Navegações VII)
Sendo o poema uma grande obra portuguesa seria melhor trocares o galeão espanhol por uma nau ou caravela lusitana.
ResponderEliminarE um bem haja por haver quem aprecies a obra Navegações
Caro Anónimo, o teu reparo faz sentido sob a simples perspectiva de lógica "histórica". Mas sendo Sophia um génio, e sendo os génios património universal, creio que se tornam um pouco indiferentes as insígnias dos pavilhões. É por isso, e só por isso, que não tiro dali de cima o galeão dos nossos vizinhos. Obrigado pelo comentário. Um abraço.
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