domingo, 26 de junho de 2022

Dez coisas que nunca deverão mudar em Portugal... (escrito por um ilustre cidadão inglês há cerca de 12 anos)

 

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O embaixador de Inglaterra em Portugal, Alexander Ellis, escreveu o seguinte texto no momento em que deixou o cargo (divulgado pelo jornal Expresso em 18 de Dezembro de 2010).
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Portugueses:

2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro.
O espírito do momento é de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.

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1. A ligação intergeracional

Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
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2. O lugar central da comida na vida diária

O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente, etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.


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3. A variedade da paisagem

Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
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4. A tolerância

Nunca vivi num país que aceite tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.


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5. O café e os cafés

Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
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6. A inocência

É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim-de-semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.


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7. Um profundo espírito de independência

Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente.
Mas é - e não é por acaso.
No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
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8. As mulheres

O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso:
Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher.
Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.


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9. A curiosidade e o conhecimento sobre o mundo

A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes.
Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
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10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo

As coisas boas de Portugal não são caras.
Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.



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Não se morre de saudade
(Carlos do Carmo):


Não se morre de saudade
De saudade eu não morri
Nem morro nesta ansiedade
De viver, morrendo em ti

Não sou a flor que tu beijas
Nem o Deus das tuas preces
Não serei o que desejas
Mas sou mais do que mereces

No banco verde da esperança
Estou sentado à tua espera
Continuo a ser criança
No meu jardim de quimera

Sou pausa do teu recreio
Sou o brinquedo quebrado
És o livro que não leio
Porque está sempre fechado

Traz a bola e vem brincar
Traz o arco e vem correr
Traz a corda e vem saltar
Meu amor, p’ra eu te ver...



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