segunda-feira, 10 de maio de 2021

Os que foram... (5)

 



Gabriel Fauré
(Requiem - In Paradisum)
King´s College Cambridge



… mas, se ainda forem algo
num mundo oculto e impercebível,
o que são agora?

Onde estão?
O que sobra deles,
o que sobra do que foram?

O que lhes ficou dos risos e das lágrimas,
dos sonhos e das angústias,
das dores e das ilusões,
das cóleras e das paixões,
dos ódios e dos afectos?

O que lhes resta de tudo isso?

Ter-se-ão eles convertido,
por qualquer secreta e cósmica alquimia,
em entes superiores e intangíveis

– sendo por isso, hoje,
misteriosamente,
escondidamente,
poderosamente,
muito mais do que aquilo que foram antes?

Vêem?
Ouvem?
Apreendem?
Compreendem?
Reconhecem?
Relembram?
Sentem?
Agem?
Interferem?
Zelam?...

... ou terão sofrido apenas,
e para sempre,
a queda no absoluto, irreparável e inglório apagamento?

3 comentários:

  1. Maria-Não-Vai-Com-As-Outras10 de maio de 2021 às 00:16


    Triste mas belo poema. De quem é?

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  2. O poema é de um trovador não identificado que passa pela Torre de longe em longe...

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  3. Maria-Não-Vai-Com-As-Outras11 de maio de 2021 às 11:24


    Obrigada. Julgo ter percebido...

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