sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Carlos do Carmo - "Não se morre de saudade", mas...

 


Nasceu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1939, e faleceu hoje, primeiro dia de 2021, nesta mesma cidade.

Figura marcante da música portuguesa, fadista extraordinário, cavalheiro educado e homem vertical que singrava na vida de cabeça levantada e sempre a direito, viu o imenso talento atestado e aplaudido em muitos palcos mundiais.

De facto, não se morre de saudade... E, como ele também brilhantemente cantava, por morrer uma andorinha não acaba a Primavera. Mas não há dúvida de que esta fica muito mais triste e mais pobre para quem assista à sua partida...


Não se morre de saudade
De saudade eu não morri
Nem morro nesta ansiedade
De viver, morrendo em ti

Não sou a flor que tu beijas
Nem o Deus das tuas preces
Não serei o que desejas
Mas sou mais do que mereces

No banco verde da esperança
Estou sentado à tua espera
Continuo a ser criança
No meu jardim de quimera

Sou pausa do teu recreio
Sou o brinquedo quebrado
És o livro que não leio
Porque está sempre fechado

Traz a bola e vem brincar
Traz o arco e vem correr
Traz a corda e vem saltar
Meu amor, p’ra eu te ver...

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