Este conflito, que ocorreu nos anos de 1904 e 1905, colocou frente a frente o exército da Rússia e as tropas imperiais do Japão.
As duas potências cobiçavam posições territoriais na Manchúria e na Coreia, em pleno nordeste asiático.
O mapa acima demonstra como o impulso expansionista dos russos (que já movimentavam a frota de guerra pelo sul da Manchúria, na base naval de Port Arthur) colocava em causa a segurança e o espaço de influência que os nipónicos consideravam pertencer-lhes.
Após algumas tentativas de resolução pacífica do diferendo, o Japão reagiu militarmente e a guerra tornou-se inevitável.
Tudo indica que a gigantesca Rússia subestimou o poder militar do pequeno Japão. Em parte, terá mesmo avançado para a guerra na convicção de que uma vitória fácil e rápida contribuiria para apaziguar as tensões sociais e políticas que se faziam sentir no país.
Foi um erro terrível.
Após uma série de cruentas batalhas no mar e em terra, o Japão saiu vencedor em toda a linha, afirmando-se como a primeira nação asiática a conseguir triunfar sobre uma potência europeia. E passou ele próprio a ser olhado como respeitada potência militar.
Após a paz, celebrada em 1905 com mediação americana, o trono de Nicolau II - imperador russo -, saiu fragilizado.
Pelas legendas do mapa lá de cima (canto inferior direito) pode ter-se uma ideia das cedências feitas pelos vencidos ao Japão.
Na Rússia, o mal estar interno, naturalmente, recrudesceu, e ocorreram revoltas contra o poder absoluto do czar.
Os desenvolvimentos da situação conduziriam, uma dúzia de anos depois, à queda do trono dos Romanov e ao triunfo da revolução comunista (1917).
"Nas Colinas da Manchúria"
A última grande batalha terrestre desta guerra foi a de Mukden, capital da Manchúria (Mukden chama-se, actualmente, Shenyang e pertence à província chinesa de Liaoning).
A Rússia sofreu aqui, entre 20 de Fevereiro e 10 de Março de 1905, uma derrota esmagadora. Teve cerca de 90 000 baixas e foi forçada a uma humilhante retirada.
Conta-se que, na derradeira fase da batalha, os russos lançaram um ataque suicida com os cerca de 4000 homens do 214.º Regimento de Infantaria Mokshansky. À frente levavam a sua bandeira, enquanto a banda do regimento tocava.
O russo IIya Alekseevich Shatrov viveu esse trágico episódio e, no fim, foi um dos três sobreviventes dos 61 componentes da banda.
Poucos meses mais tarde, Shatrov compôs a peça musical "Nas Colinas da Manchúria", em homenagem aos companheiros tombados na mortífera batalha, e que naquelas colinas - tão distantes da Pátria-Mãe - tinham ficado para sempre sepultados.
Os versos que por vezes acompanham a melodia lembram a coragem e o sacrifício dos jovens russos e anunciam que, embora enterrados lá longe, nas colinas da Manchúria, eles continuaram vivos nos corações dos seus compatriotas e jamais serão esquecidos.
A composição conheceu inúmeras versões e arranjos, tornando-se um enorme sucesso até hoje.
É frequentemente considerada A Valsa Nacional Russa.
Apresentamos de seguida várias interpretações da famosa e inesquecível criação de Ilya Shatrov:
(I)
(II)
(III)
(IV)
(V)
(VI)
Se quiser saber mais sobre a Guerra Russo-Japonesa de 1904-1905, clique aqui.
Muito bonito, porém cheio de tristeza. Mas costuma ser sempre o produto final de todas as guerras, sobretudo injustas e cruéis para os menos culpados delas...
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