quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O reverso de Aljubarrota - A derrota dos Portugueses em Toro (Castela - 1476) que lhes terá garantido a independência...

Batalha de Toro

Em Maio de 1475, cerca de noventa anos depois da derrota de Juan I em Aljubarrota, o rei português Afonso V transpôs com um poderoso exército a fronteira de Castela para reivindicar a coroa do país vizinho. Invocava como pretexto a protecção dos direitos da sobrinha Juana - filha de sua irmã Joana e do falecido rei castelhano Enrique IV -, que ele considerava a herdeira legítima do trono castelhano e com a qual, por isso mesmo e de modo calculista, acabaria por celebrar esponsais.
Do outro lado, a disputar-lhe o mesmo trono, enfrentava ele um casal de primos ambiciosos, cheios de talento e vontade - Fernando de Aragão e Isabel de Castela, que mereceriam um dia do Papa a distinção de passarem a ser designados como os Reis Católicos.

 
No primeiro dia de Março de 1476, as esperanças dos portugueses desfizeram-se à beira do Douro, nos campos de Peleagonzalo, próximos de Toro, com uma derrota militar inapelável, não obstante o comportamento valoroso de João, herdeiro de Afonso V (o futuro João II de Portugal), que seria mais tarde o Príncipe Perfeito e que reinaria com dureza e sabedoria.


A primeira gravura, lá em cima, foi editada pela Antiga Casa Bertrand - José Bastos. Reproduz um dos episódios da batalha ainda hoje evocado pelos manuais de história ibérica - o feito do alferes Duarte de Almeida, que seguraria o estandarte português com os cotos e os dentes depois de lhe levarem as duas mãos à espadeirada (o alferes teria porém a vida poupada pelos inimigos, que o recolheram e trataram até o devolverem ao país natal, onde terminaria os seus dias em condições de herói modesto).

A imagem do meio refere-se ao mesmo episódio e foi publicada, há mais de meio século, num dos cromos da História de Portugal da Agência Portuguesa de Revistas.
A derradeira gravura deve-se a Francisco de Paula van Halen e fazia parte do Álbum Régio. Representa outro aspecto de uma batalha que, sendo perdida pelos portugueses, lhes terá salvado, a prazo, a independência política na Península Ibérica.

Com efeito, um eventual triunfo português e a consequente unificação da Península Ibérica sob o ceptro de um rei lusitano, teria como desenlace, a prazo mais curto do que longo, que hoje - nas vielas de Lisboa, nas quelhas de Braga, na ribeira do Porto ou em qualquer outro aprazível recanto do território português - nos entendêssemos todos em castelhano e nos iluminássemos com a luz intensíssima que jorra de Madrid. Por supuesto...

Sem comentários:

Enviar um comentário