Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim
Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os
perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o
centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou.
Tinham sumido, que nem o leite.
Vai daí, depois de uma semana, para surpresa
geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca.
Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado do PTB que
arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via
vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim.
E, como deputado do PTB
arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi
reconduzido à sua jaula.
Passaram-se oito meses e ninguém mais se
lembrava do leão que fugira para o centro da cidade, quando, um dia, o bruto
foi recapturado.
Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde.
Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas,
também é leão.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira
para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha:
– Puxa, rapaz, como é que
você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde?
Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir esmola, porque quase não
encontrava o que comer, como é então que você… vá, diz como foi.
O outro leão então explicou:
– Eu meti os
peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um
funcionário e ninguém dava por falta dele.
– E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?
– Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo: comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta.
No dia em que eu comi o cara que servia o
cafezinho… me apanharam.
The lion sleeps tonight
(Boy's Choir Dagilèlis)
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