"A ema é um animal com pernas compridas, cintura larga e um longo pescoço que segura uma pequena cabeça eternamente oscilante para os lados.
Em terreno aberto, a ema parece estar sempre a correr sem saber bem para onde vai ou porque corre.
Tudo na ema, quer morfologicamente quer em termos de comportamento, me faz lembrar a primeira ministra inglesa, Theresa May.
Temos aqui alguém que costuma ser classificada como uma pessoa com uma notável capacidade de resistência - o que é uma maneira simpática de dizer que tem uma notável capacidade de apego ao poder, em nome de coisa alguma.
Porque ela corre sem parar, entre Bruxelas, Berlim e Paris, sempre com o mesmo papel na mão, a que acrescenta uma vírgula ou retira um parágrafo, mas sem saber ao que vai e em nome de quê, porque afinal de contas "brexit means brexit" não passava de um slogan para enganar internamente os ignorantes e os grandiloquentes, ao mesmo tempo que desespera porque a maldita Europa não aceita um "Brexit" em que a Grã-Bretanha larga o que não lhe interessa e conserva o que lhe convém.
E ela, que em nome do poder aceitou um mandato para defender o contrário do que antes defendera - a manutenção da Grã-Bretanha na União Europeia -, vive há dois anos o calvário justamente destinado aos políticos sem convicções, prorrogando sucessivamente os prazos prometidos, na esperança inútil de que do outro lado abram uma brecha de misericórdia em nome da grandeza da Inglaterra.
Diga-se que a grandeza da Inglaterra faz falta à Europa, hoje a amanhã. Mas o que não faz falta nenhuma à grandeza da Inglaterra é esta desgraçada geração de políticos ingleses actuais, de Corbyn a Farage, passando por Theresa May." (*)
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(*) - Miguel Sousa Tavares - "Caderno de Encargos" - Artigo completo no jornal Expresso (Lisboa-Portugal), de 13 de Abril de 2019.
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