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O embaixador de Inglaterra em Portugal, Alexander Ellis, escreveu, no momento em que deixou o cargo, o seguinte texto (divulgado pelo jornal Expresso em 18 de Dezembro de 2010).
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Portugueses:
2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro.
O espírito do momento é de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal..
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1. A ligação intergeracional.
Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
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2. O lugar central da comida na vida diária.
O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente, etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família..
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3. A variedade da paisagem.
Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
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4. A tolerância.
Nunca vivi num país que aceite tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
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5. O café e os cafés.
Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
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6. A inocência.
É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim-de-semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência..
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7. Um profundo espírito de independência.
Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente.
Mas é - e não é por acaso.
No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
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8. As mulheres.
O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso:
Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher.
Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.
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9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo.
A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes.
Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
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10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo.
As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.
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Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços.
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Aí estão os motivos pelos quais todos se apaixonam por este pequeno e grandioso país, presente em todos os cantos do nosso planeta.
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