sábado, 15 de maio de 2021

Maria Quitéria de Jesus - Heroína da Independência do Brasil (1792-1853) - [REPOSIÇÃO]

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Maria Quitéria
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Maria Quitéria de Jesus nasceu no dia 27 de Julho de 1792, no sítio Licurizeiro, em São José das Itaporocas (Cachoeira), na Bahia.
 A sua história foi objecto de divergências entre os historiadores, começando logo no tocante à filiação. Mas o mais provável é que tenha sido a primeira filha dos brasileiros Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, que morreu quando a filha tinha apenas nove anos.

A criança assumiu o comando da casa e a criação dos dois irmãos mais novos. Preocupado com os filhos, Gonçalo casou-se pela segunda vez, mas a esposa morreu pouco tempo depois. Gonçalo casou-se de novo e teve mais três filhos com esta esposa - que, diga-se de passagem, não via com bons olhos os modos independentes de Maria Quitéria.

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Maria Quitéria com a sua farda especial
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Mulher bonita, altiva e corajosa, Maria Quitéria montava, caçava e manejava armas de fogo. Tornou-se soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano lutava contra os portugueses a favor da consolidação da independência do Brasil.

O historiador Bernardino José de Souza, autor de Heroínas Baianas, explica que, no dia 6 de Setembro daquele ano, o Conselho Interino do Governo da Província se instalou na Vila de Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, local onde morava a família de Maria Quitéria.
O Conselho defendia o movimento pró-independência da Bahia e visava obter adesões voluntárias para reforçar as suas tropas.

Maria Quitéria mostrou-se interessada em se alistar, mas foi advertida pelo pai de que "mulheres não vão à guerra".
Ela, então, fugiu: ajudada por sua irmã Teresa, cortou os cabelos, vestiu a farda de seu cunhado e tomou emprestado o seu sobrenome, Medeiros.

Ingressou no Regimento de Artilharia, onde permaneceu até ser descoberta, semanas depois.
Foi então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado um saiote.

D. Pedro I proclama a independência do Brasil
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Maria Quitéria fez-se notada pela destreza no manejo das armas e pela bravura em combate. No recontro da Pituba, em Fevereiro de 1823, atacou uma trincheira inimiga e fez vários prisioneiros.

Em Abril do mesmo ano, na barra do Paraguaçu, ao lado de outras mulheres e com água pelo peito, avançou contra uma barca portuguesa e impediu o desembarque dos adversários.

Em Julho seguinte, quando o Exército Libertador entrou na cidade de Salvador, ela foi saudada e homenageada pela população.

No dia 20 de Agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo próprio imperador D. Pedro I (um português tornado brasileiro), que lhe concedeu a Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e um soldo de alferes de linha.

Maria Quitéria aproveitou a ocasião para pedir a D. Pedro uma carta solicitando ao pai que a perdoasse.

Estátua de Maria Quitéria (Salvador - Bahia - Brasil)
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A heroína retornou à fazenda Serra da Agulha e, meses depois, casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma única filha, Luísa Maria da Conceição.

Em 1835, já viúva, mudou-se para Feira de Santana, a fim de intervir no inventário de seu pai. Impaciente com a morosidade da Justiça, partiu para Salvador, onde morou até ao final da vida sobrevivendo unicamente com o soldo de alferes.

Faleceu no dia 21 de Agosto de 1853, com 61 anos.

Existe uma medalha militar e uma comenda na Câmara Municipal de Salvador que levam o seu nome.

Por determinação ministerial, a imagem de Maria Quitéria passou a estar presente em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares do país.

Por decreto presidencial de 28 de Junho de 1996, ela foi reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

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(Extraído, com adaptações, de: Memória VivaMulheres Pioneiras)
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Bibliografia: Heroínas Baianas, de Bernardino José de Souza; As heroínas do Brasil, de Consuelo Pondé de Sena; Dicionário das Mulheres do Brasil, organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil; Mulheres Brasileiras, da Galeria da Fundação Osório e Nossas Mulheres, edição especial da revista Cláudia de Abril de 2000 em comemoração dos 500 anos do Brasil.

Hino do Império Brasileiro:

5 comentários:

  1. Olá,

    Muito interessante ler a história de uma heroína do meu país.

    Aproveito para parabenizá-lo pelo blog. É um verdadeiro manual de História.

    Um abraço!

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  2. Olá, Juliana, obrigado por suas palavras. Quanto à história de seu país, ela é também, em parte, a história do meu próprio país. As raízes são comuns e profundas, como sabe. É por isso que para qualquer português informado - e não preconceituoso - jamais um cidadão brasileiro poderá ser considerado um "estrangeiro". Isto com todo o respeito por vossa independência, obviamente... Retribuo o abraço e faço votos para que realize seus dois grandes sonhos aí em Itália!

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  3. Olá, Cavaleiro da Torre

    Sim, Brasil e Portugal estão e estarão sempre ligados não só do ponto de vista linguístico (esta "última flor do Lácio" que herdamos de Camões). Nossas histórias se cruzaram desde o dia em que Pedro Álvares Cabral desembarcou na Ilha de Vera Cruz.

    Espero um dia poder visitar seu país e conhecer in loco tudo o que eu via somente nos livros de História ou Literatura Portuguesa.

    Obrigada pelos votos e por me responder!

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  4. Cara Juliana, é por todos os motivos que Camões, a que alude, tanto pode ser culturalmente reivindicado por Portugueses como por Brasileiros. Álvares Cabral, outra figura, foi porventura o primeiro brasileiro não nascido nas terras de Vera Cruz. E Pedro, o primeiro imperador do Brasil, nasceu português, no palácio de Queluz, próximo de Lisboa (onde viria, aliás, a falecer). E que dizer do padre António Vieira e dos esplendorosos sermões que foi compondo no Brasil e em defesa do Brasil? Muitos dos textos mais impressivos que conheço sobre Portugal foram escritos por Brasileiros. Lembro-me, por exemplo, de um pequeno livro ("Portugal, meu Avôzinho"), escrito por um jornalista do Brasil (David Nasser, muito controverso em sua terra natal), que é das mais belas e sentidas descrições de Portugal que alguém possa ter lançado ao papel. E o curioso é que Nasser, escrevendo com uma espécie de "sensibilidade lusitana", nem sequer tinha Portugueses em sua ascendência, como sucede com tantos Brasileiros (confirme aqui no blog, post de 18-Outubro-2009). A verdade é que o grande Brasil é hoje, para os Portugueses informados e conscientes, não só objecto de fraternal estima, mas também razão de grande orgulho. Um abraço e obrigado.

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  5. Conversar com você é recordar as aulas de História que eu tanto gostava nos tempos da escola!
    Não conhecia o jornalista Nasser. Pesquisarei mais acerca de seus escritos sobre Portugal, um país que tanto admiro por sua história e tradições.
    Fiquei emocionada ao ler suas palavras a respeito do Brasil e de sua gente. Com muito orgulho também, falo aos italianos sobre Portugal e a herança incalculável que nos deixou (não somente ao Brasil, mas ao mundo).
    Um abraço e boa semana!

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