que olhos os teus.
São cais noturnos
cheios de adeus
são docas mansas
trilhando luzes
que brilham longe
longe nos breus…
Ó minha amada
que olhos os teus.
Quanto mistério
nos olhos teus
quantos saveiros
quantos navios
quantos naufrágios
nos olhos teus…
Ó minha amada
que olhos os teus.
Se Deus houvera
fizera-os Deus
pois não os fizera
quem não soubera
que há muitas eras
nos olhos teus.
Ah, minha amada
de olhos ateus.
Cria a esperança
nos olhos meus
de verem um dia
o olhar mendigo
da poesia
nos olhos teus.
Ney Matogrosso
(Poema dos Olhos da Amada)
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