“No meio das estepes, das montanhas ou das florestas intransitáveis das distantes regiões da Sibéria, encontram-se, de longe em longe, pequenas cidades de mil ou dois mil habitantes, com as casas todas construídas de madeira, muitíssimo feias, tendo duas igrejas – uma ao centro da povoação, outra no cemitério – ou melhor, cidades que mais parecem uma aldeia sossegada dos subúrbios de Moscovo do que uma cidade propriamente dita.
Nelas vivem, a maior parte do ano, grande número de agentes da polícia, de adjuntos e outros funcionários subalternos. A compensar o frio intenso da Sibéria, os serviços oficiais são ali muito bem remunerados.
Os habitantes são pessoas simples, sem ideias avançadas, de costumes antiquados, tradicionais e consagrados pelo tempo. Os funcionários, que são o maior contingente da nobreza siberiana, ou são indivíduos da região – siberianos dos quatro costados – ou então vieram da Rússia.
Estes últimos chegam directamente das capitais das províncias, atraídos pelos bons ordenados, pelas subvenções extraordinárias para as despesas da viagem e por outras não menos tentadoras esperanças de futuro. (…)
(…) Foi numa dessas pequenas cidades – alegres e sempre satisfeitas de si mesmas, e cuja amável população me deixou indelével lembrança – que travei conhecimento com um exilado, Alexandre Petrovitch Goriantchikof, ex-fidalgo e ex-proprietário da Rússia.
Fora condenado a trabalhos forçados de segunda ordem por ter assassinado a esposa. Depois de ter cumprido a pena – dez anos de trabalhos forçados – vivia despreocupado e passando despercebido, como colono, na pequena cidade de K. (…)”
Recordações da Casa dos Mortos - Dostoievski - Rússia (1821-1881) - Publicado por Editora Livraria Progredior - Porto - Portugal - 1951.
fantástico blog.
ResponderEliminarObrigado, cara Rishi, espero que continue colhendo seus sonhos. Volte sempre. Cumprimentos.
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