Rui Ramos (coordenador), Bernardo de Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro escreveram a História de Portugal num só volume - da Idade Média ao século XXI.
São, exactamente, 976 páginas.
Não podendo abarcar tudo, a obra elege, com sólido critério, o essencial.
As articulações temáticas e expositivas estão muito bem conseguidas, donde resulta um fio narrativo constante e eficaz.
Os assuntos (ainda hoje) controversos são abordados com inteligência, originalidade e o indispensável destemor intelectual, deixando por vezes - como é desejável nestas matérias - algumas portas entreabertas para futuras incursões e caminhadas interpretativas, destes ou doutros autores.
Linguagem escorreita e atractiva, combinando harmoniosamente os estilos de uma (sempre arriscada) autoria tripartida.
A documentação seleccionada é contida, mas útil.
Também úteis os quadros, gráficos, mapas e cronologias, bem como as listas de governantes.
Um excelente livro.
Leitura recomendada pela Torre.
A edição é de A Esfera dos Livros, Lisboa, Portugal (Novembro de 2009).
Preço da obra: 39 €.
Do prólogo:
(...) As Histórias de Portugal publicadas na década de 1990 têm vários volumes e frequentemente vários autores por volume.
Há algum tempo que já não há um esforço para sintetizar os conhecimentos adquiridos e as hipóteses admitidas pelo trabalho historiográfico.
As sínteses hoje mais correntes foram originalmente pensadas e elaboradas antes da recente explosão da História: a de A. H. de Oliveira Marques teve a sua primeira versão em 1972 e a de José Hermano Saraiva foi publicada pela primeira vez em 1978.
Era tempo de historiadores das novas gerações, sem esquecerem o que devem aos seus antecessores, tentarem pôr a História, tal como é feita hoje, em contacto com o grande público. Essa foi sempre, aliás, a vocação da História.
A fim de chegar a muitos leitores, não quisemos, porém, simplificar, mas tornar claro.
Simplificar e esclarecer são duas operações completamente diferentes.
Para fazer este livro, foi preciso reduzir, desbastar, seleccionar o material: mas fizemo-lo de modo a distinguir o que mais importa, sem de modo algum sacrificar complexidades que são fundamentais para a compreensão.
O leitor que imaginámos para este livro é um leitor exigente (...).
(...) Esperamos que este livro possa interessar a todos aqueles que sabem que uma sociedade não é apenas o que existe, mas também tudo o que existiu (e existirá), e que portanto a amnésia não é mais vantajosa numa sociedade do que num indivíduo.
Apesar das limitações do nosso trabalho, gostaríamos que esta História de Portugal despertasse a atenção para a importância da História como meio de dar profundidade à reflexão e ao debate público sobre o País, por vezes demasiado circunscrito por uma tecnocracia "presentista", para quem Portugal parece ter começado hoje.
Porque a História não é só um acervo de conhecimentos, mas uma maneira de pensar (...)."