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“(…) A demissão de um primeiro-ministro é algo de muito sério.
Não se exige por desfastio, ao não lhe irmos com a cara ou as ideias, mas só e apenas,
Quando se torna claro que é incapaz e indigno.
Quando fica evidente que chegou ao poder através de um colossal e calculado embuste, negando o que tencionava fazer (Catroga, um dos autores do programa do PSD, revelou agora que o aumento de impostos foi rasurado do documento).
Quando anuncia medidas incendiárias num dia para as retirar semana e meia depois.
Quando todas as suas previsões - todas, sem exceção - falham sem que sequer o admita ("tenho noção da realidade", escandaliza-se ele).
Quando aumenta brutalmente os impostos e, perante o que todos menos ele e o seu Gaspar previam - a queda da receita fiscal - fala de "surpresa orçamental", para a seguir voltar a fazer o mesmo, em pior.
Quando toma medidas inconstitucionais e a seguir se queixa do tribunal que lho diz e o culpa por ter de tomar mais - e mais inconstitucionais.
Quando se recusa a aproveitar a aberta da Grécia e a renegociar o acordo com a troika, mas não se incomoda em rasgar todos os compromissos assumidos com os eleitores e se prepara para, após anunciar a venda ao desbarato de todos os ativos nacionais, trucidar até o pacto social que funda o regime.
Demite-se um primeiro-ministro quando é mais danoso para o País mantê-lo no lugar que arriscar outra solução, por fraca e incerta que pareça.
Não se exige por desfastio, ao não lhe irmos com a cara ou as ideias, mas só e apenas,
Quando se torna claro que é incapaz e indigno.
Quando fica evidente que chegou ao poder através de um colossal e calculado embuste, negando o que tencionava fazer (Catroga, um dos autores do programa do PSD, revelou agora que o aumento de impostos foi rasurado do documento).
Quando anuncia medidas incendiárias num dia para as retirar semana e meia depois.
Quando todas as suas previsões - todas, sem exceção - falham sem que sequer o admita ("tenho noção da realidade", escandaliza-se ele).
Quando aumenta brutalmente os impostos e, perante o que todos menos ele e o seu Gaspar previam - a queda da receita fiscal - fala de "surpresa orçamental", para a seguir voltar a fazer o mesmo, em pior.
Quando toma medidas inconstitucionais e a seguir se queixa do tribunal que lho diz e o culpa por ter de tomar mais - e mais inconstitucionais.
Quando se recusa a aproveitar a aberta da Grécia e a renegociar o acordo com a troika, mas não se incomoda em rasgar todos os compromissos assumidos com os eleitores e se prepara para, após anunciar a venda ao desbarato de todos os ativos nacionais, trucidar até o pacto social que funda o regime.
Demite-se um primeiro-ministro quando é mais danoso para o País mantê-lo no lugar que arriscar outra solução, por fraca e incerta que pareça.
Quando cada dia que permanece no lugar para o qual foi eleito cria perigo para a comunidade.
Demite-se um primeiro-ministro
quando é preciso.
É preciso."
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Fernanda Câncio – Obviamente, in Diário de Notícias, Lisboa , Portugal, 30-Novembro-2012.