domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mataram Zapata! Outra vez!

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Mataram Zapata
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"Aminatu Haidar.
Orlando Zapata.
Ela, uma activista sarauí de 44 anos, fez greve de fome num aeroporto espanhol, depois de ver a sua entrada em Marrocos recusada pelas autoridades locais e conseguiu, graças à atenção e pressão internacionais, regressar à sua terra e aos seus filhos;
ele, um activista cubano de 42 anos, morreu anteontem, após 85 dias de greve de fome na prisão.

Sim: Zapata morreu.
Mas dele só soubemos o nome porque morreu.
Para ele não houve petições a circular no Facebook e entre as "personalidades" portuguesas e estrangeiras, mesmo se houve cartas e apelos do Movimento Republicano Alternativo (a que pertencia) e da Amnistia Internacional a alertar para a sua greve de fome e para os maus tratos e espancamentos de que era alvo. Merecia menos que Aminatu?
Cuba é menos cruel que Marrocos?
Ou faltaram os directos e as entrevistas e as fotografias e os artigos inflamados?

Zapata foi preso em 2003 por "desobediência", "desrespeito" e "desordem pública" e condenado a 25 anos.
Os seus "crimes" dizem tudo por ele.
Tudo sobre a atrocidade da sua morte e tudo sobre o obsceno regime cubano - um regime que continua a merecer o beneplácito e a bonomia de tanta gente que não hesitou em pôr o seu nome na lista pela "libertação" de Aminatu mas que de Orlando não sabe "o suficiente".

Eu, pelo contrário, sei pouco sobre Aminatu e sobre o Sara e Marrocos (deveria saber mais, decerto) mas sei o que é preciso sobre um regime do qual tanta gente diz "não é assim tão mau".
Um regime envolto na mitificação romântica dos heróis de uma esperança massacrada e nas suas imagens épicas, recortadas em multidões empolgadas e em frases grandiosas que só sabem a mágoa.
Um regime horripilante de verdugos charmosos.
Um regime onde se usa sobre pessoas uma palavra que pensei, depois do fim da ditadura portuguesa, nunca mais ouvir ao vivo: "subversivo".

"Esse indivíduo é um subversivo", disseram-me dois polícias a propósito de um rapaz de 19 ou 20 anos, filho de um veterinário, que tanto me seringara na rua que, inexperiente repórter por quatro dias na Havana de 1991, lhe oferecera um jantar na Bodeguita del Medio, o restaurante "de Hemingway", e que o prenderam (prenderam!) à saída porque "é proibido os cubanos falarem com turistas".

Um regime que fez de um país bonito de gente bonita, praias bonitas, calor, rum e charutos uma coisa única, uma espécie de museu-prisão das revoluções traídas da América do Sul, das utopias "generosas" das esquerdas europeias.
Um cenário de inesgotável nostalgia e amargura, sim, bom para fotografias e documentários.
Mas onde se morre por "desobediência".
Cuba é uma ditadura, os Castro são criminosos e Zapata foi assassinado. Outra vez." (*)

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(*) - Fernanda Câncio - "Mataram Zapata" - Diário de Notícias - Lisboa - Portugal - 26-Fevereiro-2010.
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Grandes Quadros (Frans Hals)

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Isabella Coymans
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Frans Hals - Holanda (1580-1666)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Grandes Quadros (Caravaggio)

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Os Batoteiros

Caravaggio - Itália (1571-1610)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Madeira - Portugal - Gente nossa...

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O que aconteceu ontem é simples de dizer e doloroso: aconteceu uma tragédia a Portugal.
Morreram portugueses.
Campos nossos foram arrasados.
Pequenas vilas ficaram isoladas.
Uma nossa cidade, por sinal a mais bela cidade de Portugal, foi invadida por lama.

Janelas debruadas como há séculos os portugueses sabem fazer e espalham pelo mundo fora (Lubango, São Luís do Maranhão, Honolulu...) - e quem mais as espalhou foram os filhos desta cidade, e fizeram delas uma marca de Portugal -, janelas dessas, foram afogadas pelas enxurradas.

Nessa nossa cidade de telhados vermelhos, paredes brancas e persianas verdes, ontem era tudo cinzento e castanho, da montanha ao mar.
As torres-vigias que em tantas casas se erguem para espreitar o mar, de onde chegavam os corsários e por onde partiam os mais cosmopolitas de nós, surpreenderam-se, porque, ontem, o que acontecia vinha do lado contrário.

Esse nosso pedaço de Portugal é pequeno e aos seus rios chama ribeiras, nome dramaticamente irónico, ontem, tal a força das águas revoltas que carregaram automóveis até à baía.

Aquele nosso Portugal tem nome próprio, aqueles nossos portugueses têm um nome particular, uma fala particular, aquela nossa bela cidade tem nome - mas hoje só me apetece dizer o essencial: estou a falar de nós.

Ferreira Fernandes - Diário de Notícias - Lisboa (21 de Fevereiro de 2010)

Livros - "O Talismã" (Walter Scott - Escócia)

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“O sol abrasador da Síria não atingira ainda a sua máxima altura quando um guerreiro, exibindo a Cruz Vermelha, que abandonara a sua longínqua pátria do Norte para se reunir às hostes dos Cruzados da Palestina, atravessava vagarosamente a extensa planura de areia, situada próximo do Mar Morto ou Lago Asiático, onde as águas do Jordão se precipitam como num mar interior.

Durante as primeiras horas do dia o cavaleiro peregrino transpusera precipícios e desfiladeiros escarpados, entrando por fim numa planície onde outrora se erguiam as cidades amaldiçoadas que tinham chamado sobre si a cólera do Todo-Poderoso.
A fadiga, a sede, os perigos de toda a espécie, vencidos durante o caminho, tudo o cavaleiro esqueceu quando recordou a tremenda catástrofe que convertera em árida planície o fértil e formoso vale de Sodoma, outrora banhado por águas frescas e abundantes como o Jardim do Senhor, agora reduzido a deserto árido, requeimado pelo sol, condenado à eterna esterilidade.



O cavaleiro fez o sinal da Cruz mal avistou a massa sombria das águas, tão diferentes na cor e no aspecto das dos outros lagos, e estremeceu ao recordar que, sob a toalha imóvel e glauca, se encontravam as cidades que, em tempos remotos, se haviam erguido na planície, orgulhosas e imponentes.
Cavara-lhes a sepultura o raio caído do céu, ou, quem pode sabê-lo, a súbita erupção do fogo subterrâneo. Mas, de qualquer forma, jazem no fundo desse estranho mar - que não consente peixe no seu seio nem barco algum à superfície, e que, como se as suas águas maléficas não admitissem outro berço senão o seu leito negro, não paga o seu tributo ao oceano.

Em volta, tal como nos tempos de Moisés, a terra não é mais do que enxofre e sal. Não aceita sementes, não produz nem sequer uma ervinha. E, tal como a água do lago, essa terra bem se pode chamar morta, porque, além de estéril, até a própria atmosfera parece abandonada pelos seus habitantes naturais, e as aves não cortam o espaço em voos elegantes nem o enchem com harmoniosos cantos.

O sol brilhava sobre esta cena de desolação, atormentando-a com um calor quase intolerável, e toda a Natureza - tudo quanto tinha um sopro de vida - se escondia, esquivando-se aos seus raios ardentes, excepto a figura isolada que pisava as areias movediças do deserto, e dir-se-ia o único ser vivo na imensa planície. (…)”
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Walter Scott - Escócia (1771-1832)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Poema para Galileu (António Gedeão - Portugal)


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileu! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios).

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te?
A ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… Eu sei…
As margens doces do Arno
às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileu Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita
num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileu,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar
(que disparate, Galileu!)
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação -
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileu?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa
ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.


Estava agora a lembrar-me, Galileu,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos,
hirtos,
de toga e de capelo
a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível
que um homem da tua idade
e da tua condição,
se estivesse tornando num perigo
para a Humanidade
e para a civilização.

Tu, embaraçado e comprometido,
em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites
e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas
(parece-me que estou a vê-las),
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.

E tu foste dizendo a tudo que sim,
que sim senhor,
que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado
e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite
louvores à harmonia universal.

E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo,
na própria intimidade do teu pensamento,
(livre e calma),
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.

Ai, Galileu!
Mal sabiam os teus doutos juízes,
grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo,
empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.

Tu é que sabias, Galileu Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer,
homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.

Por isso, estoicamente,
mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias,
a todos os contratempos,
enquanto eles,
do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.

António Gedeão - Lisboa, Portugal (1906-1997)

Oiça este poema dito por Mário Viegas:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Momentos indeléveis...



A pequena bailarina do avô

Norman Rockwell - Capa do Saturday Evening Post - 1923

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Poeminhas Satíricos - "Um Salão" (Garcia Monteiro)



Às discretas soirées de D. Amália Costa
não vai o que em geral se chama gente baixa;
esta senhora tem sangue fidalgo e gosta
de conservar-se em pé na altura em que se acha.

É tal a selecção que há quem se zangue.
O festejado poeta Aurélio Câncio Rosa
disse já: «Na questão da análise do sangue...
Oh!... É uma senhora extra-escrupulosa!»

A alguém disse ela um dia: «Hoje um simples artista
quer ser gente também. Ah! creia que me exalto
quando vejo um ninguém a erguer-se, a dar na vista,
tendo o arrojo de usar bengala e chapéu alto!»

E os seus olhos aqui tornaram-se fosfóricos.
Ora é fácil de ver por semelhantes falas
que só o que possui pé nobre, pés históricos,
é que pode pisar o chão das suas salas.

Ali vai, por exemplo, o senhor João Proença,
que é barão e será visconde qualquer dia;
homem que às vezes sente uma tristeza imensa
por ter sido alfaiate — um erro que ele expia.

Ali vai o Liró, de esplêndidas maneiras,
cuja profundidade em ciência de minuete
iguala a vastidão das suas algibeiras,
que levam de ordinário o resto do bufete.

Ali vai Câncio Rosa, um vate de alto apreço,
que as damas têm à mão para inventar alcunhas;
mas sempre triste em verso... Um luto! Não conheço
luto mais negro; passa ao colarinho e às unhas.

Consta que no final duma recitação
em que exaltara o mar, «gigante d'ais tamanhos»
perguntou-lhe uma velha em tom de admiração:
«Se o senhor ama o mar, porque não toma banhos?»

Ali vai o senhor Mateus do Nascimento,
depositário fiel, seguro, de tal brio,
que deram-lhe a guardar um certo testamento
e ele fê-lo tão bem que ninguém mais o viu.

Ali vai o major Espadas, um valente,
homem cujo valor tem suscitado invejas,
pronto sempre a bater-se. E ao chá? Façam-lhe frente
Que bravura! É um herói no assalto das bandejas.

Vão outras damas mais de igual merecimento,
a quem se pede à vez «que a festa solenizem»:
E cada qual então, puxando o seu talento,
apresenta o que sabe. E que talentos! dizem.

Produz-se a animação assim desde o começo;
Marca as danças Liró; Espada dá notícias;
toma-se um rico chá, de que se diz o preço...
Umas noites enfim de poéticas delícias.

Não é pois de admirar a roedora inveja
que existe. Câncio então, no Liberal do Pinto,
dá notícia; e conclui: «Inútil talvez seja
dizer que ali só vai o que há de mais distinto».

Garcia Monteiro (1859-1913)

(Horta, Açores, Portugal)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Grandes Quadros (Pieter Grebber)

Mãe e Filho

Pieter Grebber - Holanda (c. 1600-1652 ou 1653)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ustedes y Nosotros (Mario Benedetti)


 
Ustedes cuando aman
exigen bienestar
una cama de cedro
y un colchón especial.
Nosotros cuando amamos
es fácil de arreglar
con sábanas qué bueno
sin sábanas da igual.

Ustedes cuando aman
calculan interés
y cuando se desaman
calculan otra vez.
Nosotros cuando amamos
es como renacer
y si nos desamamos
no la pasamos bien.

Ustedes cuando aman
son de otra magnitud
hay fotos, chismes, prensa
y el amor es un 'boom'.
Nosotros cuando amamos
es un amor común
tan simple y tan sabroso
como tener salud.

Ustedes cuando aman
consultan el reloj
porque el tiempo que pierden
vale medio millón.
Nosotros cuando amamos
sin prisa y con fervor
gozamos y nos sale
barata la función.

Ustedes cuando aman
al analista van
él es quien dictamina
si lo hacen bien o mal.
Nosotros cuando amamos
sin tanta cortedad
el subconsciente piola
se pone a disfrutar

Ustedes cuando aman
exigen bienestar
una cama de cedro
y un colchón especial.
Nosotros cuando amamos
es fácil de arreglar
con sábanas qué bueno
sin sábanas da igual.

Mario Benedetti (Uruguai)

(1920-2009)

Vocabulário

arreglar - dar um jeito
bienestar - bem-estar
bueno - bom
cortedad - timidez
chismes - mexericos
dictamina - opina
él - ele
hacen - fazem
interés - proveito
magnitud - importância
no - não
nosotros - nós
piola - liberta-se
pone - põe
prensa - imprensa
prisa - pressa
quien - quem
sábanas - lençóis
sabroso - saboroso
sale - sai
salud - saúde
ustedes - vocês
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Jacques Martin (1921-2010) - Partiu o pai de Alix e de Lefranc

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O autor de banda desenhada francês Jacques Martin, que criou a personagem Alix, morreu aos 88 anos, anunciou a editora Casterman.
Jacques Martin, que nasceu em Estrasburgo e estudou na Bélgica, era considerado um dos últimos elementos da escola clássica de banda desenhada franco-belga, a mesma de Hergé e de Edgar P. Jacobs.
Para a editora Casterman, a morte de Jacques Martin representa «o desaparecimento do último gigante da banda desenhada belga».
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Uma das suas mais populares criações, surgida em finais dos anos 1940 na revista Tintin, foi Alix, um jovem e corajoso gaulês protegido de Júlio César.
Jacques Martin trabalhou durante duas décadas com Hergé, o pai do Tintim, e criou ainda, entre outras, as personagens Lefranc e Jhen.
Por causa de problemas de visão, Jacques Martin contou nos últimos anos com a ajuda de vários colaboradores que concretizaram as suas histórias.
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Hergé (à esquerda) e Jacques Martin (à direita)
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Em Portugal, a série Alix foi publicada durante os anos 1980 pelas Edições 70 e, posteriormente, pela Asa, com álbuns como O Imperador da China, O Filho de Espártaco e O Príncipe do Nilo.
Em poucas semanas, a banda desenhada franco-belga perde assim dois nomes importantes.
No começo de Janeiro morreu o desenhador franco-belga Tibet, criador das personagens de banda desenhada Ric Hochet e Chick Bill.

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(Da Revista "Visão") "Quem diria que no último mês haveriam de zarpar para o país das caçadas eternas dois dos mais gigantescos nomes da BD franco-belga?
Vinte dias depois de Tibet, o criador de Ric Hochet, foi a vez de Jacques Martin, o "pai" de Alix e de Lefranc, entrar definitivamente numa imortalidade que já ia tacteando como figura tutelar da Nona Arte, na mais conhecida das suas vertentes europeias.
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Alsaciano de Estrasburgo, combateria pela França da drôle de guerre e passaria um ano num lager alemão, antes de se converter por completo à Bélgica (cuja nacionalidade adquiriria) e à BD no semanário Tintin, onde viria a colaborar com Hergé e a criar, em 1948, a personagem de Alix, o jovem gaulês seduzido pelos lindos olhos de Roma.
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O egípcio Kéos e o grego Orion transportariam para outras séries o vírus pela Antiguidade, contraído através da leitura de Marguerite Yourcenar, enquanto Jehan nos convida a viajar pela época da Guerra dos Cem Anos, Arno pela época napoleónica, Loïs pelo século de Luís XIV e o jornalista Lefranc por alguns problemas da actualidade.

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Mas foi sobretudo a Roma antiga que Martin nos devolveu em todo o seu perturbante e maligno esplendor, por via dos álbuns de Alix, publicados nos idos de 1980 pelas Edições 70.
Órfão de pai e abandonado pela mãe, num percurso que se intui semelhante ao das suas personagens, é difícil separar o bem do mal nas histórias turvas que nos contou por meio de um traço claro e rigoroso.


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Se normalmente não sabemos ao certo para onde se parte quando se parte, no caso de Jacques Martin o maior problema da vida está pois resolvido: os habitantes do futuro poderão ir ao seu encontro no panteão das divindades antigas." (*)

Jacques Martin (1921-2010)
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(*) - Luís Almeida Martins - Revista Visão n.º 882 (28 de Janeiro a 3 de Fevereiro de 2010) - Lisboa - Portugal.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Canção do Exílio (Gonçalves Dias - Brasil)

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Minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá;
as aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
nossas várzeas têm mais flores,
nossos bosques têm mais vida,
nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
mais prazer encontro eu lá;
minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
que tais não encontro eu cá;
em cismar - sozinho, à noite -
mais prazer encontro eu lá;
minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
sem que eu volte p'ra lá;
sem que desfrute os primores
que não encontro por cá;
sem qu'inda aviste as palmeiras
onde canta o sabiá.

Gonçalves Dias - Brasil (1823-1864)
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

África Minha

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Para todos os que nasceram em África.
Ou que, simplesmente, a amam.
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Meninas do povo Himba (Grupo dos Hereros - Sul de Angola e Namíbia)

Afrikaan Beat (Orquestra de Bert Kaempfert):